Volta a referir-se sobre a extensão que abrangeu seu apostolado - Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo - Parte II - Cap. XXIII

PDF por Nova Ordem de Jesus. 11/05/2016 - 14 min leitura
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Volta a referir-se sobre a extensão que abrangeu seu apostolado e à intensidade de seu labor de propaganda.

Queridos irmãos meus: Bem sabeis, pois já vô-lo disse, que muito maior extensão e muito mais tempo levaram as obras de meu apostolado do que os homens guardam memória. Muito pequena em verdade foi a obra do Messias, se no que escrito está, somente se encontrasse compreendida. Porque certamente todo o seu tempo ocupava-o Jesus em suas sementeiras por toda a herdade do Pai que lhe coube palmilhar. Assim foi nas longínquas terras, mais além de Filipópolis, Cesaréia e Tiro, mais além ainda de Sidon e Damasco, até pelos confins da Síria. Mas careciam ainda nesses tempos da necessária unidade os ensinamentos de Jesus, os quais se iam entretanto orientando para formas mais bem definidas, inspiradas pela própria ignorância dos povos que ele visitara e que mudos e estáticos permaneciam ante suas entusiásticas demonstrações, mais impressionados que amestrados por elas.

Tão depressa arrancava o Messias suas calorosas arengas dos esplendores do firmamento, de onde as infinitas moradas da casa do Pai se preparavam para receber seus filhos da longínqua Terra, que o quisessem adorar em espírito e em verdade; tão depressa recebia seus ensinamentos das harmonias da Natureza; tão depressa deduzia da razão pura seus argumentos ou aproveitava, como ponto de partida, as misérias e as injustiças de que os pobres eram vítimas, e até da própria paixão que corrói os espíritos, arrancava vibrantes demonstrações em favor da fraternidade e para os esplendores do brilhante porvir que aos resignados, aos humildes, aos caritativos, aos Messias de fé, tem o Senhor reservado.

Estes sermões cheios de entusiasmo, porém muito difusos as mais das vezes e abundantes em abstrações, impressionavam vivamente o meu auditório no princípio, mas fatigavam-no depressa, revelando-se-me sua falta de atenção pelos olhares vagos e os semblantes distraídos. Os povos da Judéia mais facilmente recebiam a palavra do Messias, porquanto eram-lhes mais familiares as questões da religião e maior era o costume entre eles no que respeita aos trabalhos dos sacerdotes, dos oradores sagrados e dos mestres particulares ou livres que os mantinham em prática no que se refere a essa espécie de certames exteriores ao templo, embora mantendo estreita relação com ele.

Esses outros povos eram de maior movimento mercantil, mais dados às tarefas da vida e com maior indústria de fiação, mercadorias, peles, artigos de bronze, barro, madeira, etc., porém pouco dados à instrução e cheios de espantosas superstições que pouco favorável relação guardavam com os ensinamentos de Jesus. Era entretanto evidente o desejo dessas gentes de escutar a palavra do estrangeiro e de compreender seu alcance, assim como ele de inspirar-lhe sentimentos de afeição para eles, sendo que logo que deixavam de ouvir ao orador, voltavam a tomar o lugar de seus ensinamentos, as velhas superstições prestigiadas pela recordação dos antepassados.

Certamente Jesus ia conhecendo os homens e aprendendo os caminhos para chegar a seu entendimento e alcançar seu coração; porém, se bem que não deixasse de colher alguns frutos de seu passado apostolado e, cada vez mais, fosse conquistando o apreço e a consideração dessas gentes, que chegaram às manifestações das mais altas considerações e carinho para com sua pessoa, compreendia o Messias que não eram esses os lugares de seu ministério, e um secreto impulso arrastava sem cessar seu pensamento para a Judéia e levantava-se constantemente, em meio de suas reflexões, a visão imponente do Templo de Jerusalém, base do imenso poder desse clero fanático, egoísta e hipócrita, que ele vinha para combater. Não era um sentimento de temor pelo instinto da própria conservação, mas sim o temor de não chegar a tempo para a terminação da grande obra que me fora confiada.

O favorável acolhimento encontrado em minha peregrinação e as simpatias e afetos de que me vira rodeado, davam-me maior confiança e avigoravam a fé em meus destinos.

Muitas foram as povoações visitadas e tornadas a visitar, durante as missões dirigidas às terras dos gentios, sem encontrar maior oposição a meu ministério de parte do clero dos variados cultos que encontrava nas diversas povoações visitadas. O clero parecia em verdade geralmente superior à idolatria professada pelo povo e nascida, ao que parece, da personificação das virtudes e das forças em nome das quais eram dados os ensinamentos, e o respeito e adoração especiais que se tributavam ao Grande Deus ou Deus dos Deuses, também chamado Baalsão ou Baalresão (não encontro nome parecido em vossos cérebros) e ao qual grande culto todos os povos tributavam, ainda que variando sempre a palavra de seu nome, faziam supor que em princípio em um só Deus acreditavam, sendo as demais entidades também designadas como Deuses mas de natureza diversa e inferior a esse Grande Deus, que seria portanto o verdadeiro. Mas tudo isso era tão confuso e enredado que resultava uma idolatria muito complicada e de muita inferioridade com relação ao culto do povo judaico.

Havia nesses tempos, no caminho de Corozain para Damasco, uma cidade à qual os conquistadores deram o nome de Filipópolis, que não era a mesma a que também chamaram Cesaréia Philippi, pois que eram dois povoados, sendo o mais antigo e o mais próximo de Corozain do que eu falo, porque as construções romanas, fortalezas, quartéis, palácios da administração pública e do governo militar, um grande templo, depósitos, etc., constituindo uma posição fortificada, assim como os grandes muros de defesa e as muitas habitações novas ocupadas por civis e militares, todas essas construções vieram formar uma cidade nova que era propriamente a Cesaréia, terminando por ficar separada da primitiva povoação que pouco a pouco foi ficando abandonada até perder-se sua memória como se a cidade Cesaréia houvesse sido edificada sobre um lugar deserto.

Assim, portanto, entre a pobre casaria que nos arrabaldes ficava do que se chamou depois Pancas e mais tarde Filipópolis, próximo à margem de um pequeno afluente do Jordão, encontrou o Messias em mais de uma ocasião lugar propício que lhe servia de albergue e também de repouso para seu espírito, em meio dessas almas pobres e simples que de tudo careciam, menos do impulso de afeições e dos doces reflexos da simpatia; mas seus conhecimentos nas ciências divinas eram nulos, sendo sua religião um amontoado de idéias diversas, idólatras, judaicas e baalitas,1 tudo confundido no meio das mais vergonhosas superstições.

Em uma das ocasiões em que se havia Jesus detido por essas terras alguns dias, visitando e levando o ensinamento da nova doutrina entre os arrabaldes de Filipópolis, sendo sempre unicamente na dita casaria o lugar de preferência como morada de seu retiro diário, na vivenda de um velho pescador que de muito longe trazia o fruto de sua pesca, de alguns riachos e lagoas por eles formadas, cujas águas todas iam desaguar no Jordão, soube de um sonho em que prometido havia sido como o Salvador do mundo o próprio Messias.

O tal velho pescador não atinava em muitas palavras para as manifestações de seu espírito e do que lhe era dado para compreender como ensinamento, entre os outros, pelo Messias; maior parecia seu interesse pelo que dos lábios de Jesus saía, não somente pelo que à doutrina dizia respeito, mas quanto a seu cumprimento também, sendo que de sua pobreza alívio tirava em algumas ocasiões para os mais pobres do que ele. Jeová mandou-o à minha casa, ouvia-se-lhe dizer, para aviso das grandes desgraças que hão de acontecer pelo abandono que se tem feito de sua lei entre os homens e para que prevenido esteja eu para nossa salvação. Assim também, sonhei com o Mestre, vendo-o rodeado de anjos e de velhos profetas, aos quais uma voz, que vinha do alto e que a mesma de Jeová havia de ser, desta maneira lhes falou em meio de uma grande luz de retumbantes trovões: “Aí tendes o filho meu, pelo qual virei a glorificar-me na Terra; escutai-o e o ajudai porque para salvador dos homens eu o enviei”. Ouçamos portanto a este novo profeta que o próprio filho de Deus é, acatando seus ensinamentos de amor e praticando-os sem covardias.

Em grande estima tinha-se aí a esse ancião, dizendo-se também dele que se lhe apresentava em sonhos o porvir. Motivo foi isto para que a voz de meu ministério corresse com maior velocidade e prestígio entre as gentes dessas paragens que, se bem escutaram a Jesus com verdadeiras demonstrações de afeto, não manifestaram maior entusiasmo quanto à afirmação da origem divina de seus ensinamentos.

A notícia do que foi dito correu de aí para todas as partes, variando-se-lhe a forma e exagerando-se até afirmar-se que Jesus em muitas ocasiões, conversação havia mantido com o próprio Deus, que o enviara.

Isto acontecido havia, nos últimos tempos de minhas digressões distantes, durante meu definitivo regresso para as terras da Judéia, pouco antes de minha última estada em Cafarnaum, quando já a obra do Messias próximo estava de sua madureza.

Certamente, todos esses territórios havia-os minuciosamente percorrido, não tanto nem durante tanto tempo como os da Judéia, mas por todas as partes tinha levado o Messias seus ensinamentos, sempre rodeado de muita gente, acompanhado sem cessar em suas viagens por homens e mulheres que o mantinham cercado de admiração e de carinho. Mas não tinha ainda os que chamados foram seus discípulos e dentre os quais verdadeiramente saíram seus apóstolos, se bem que o apostolado se havia apresentado quase repentinamente em quase todos os que a ele se consagraram, porém sua seleção dentre os discípulos foi feita, o que aconteceu no que há de chamar-se o período derradeiro da grande obra do Messias que, como já vos disse, muito longa foi e muito grande extensão alcançou, ocupando sua vida inteira desde que saído tinha de completar seus estudos na Cidade Santa. É portanto ao último período do apostolado de Jesus a que a tradição unicamente se refere e dele unicamente falam os que chamados foram Evangelhos.

Nada se perdeu entretanto de minhas sementeiras na seara do Pai porquanto tudo frutificou melhor, depois de minha morte, entre os homens. Assim, portanto, aconteceu que, quando chegaram a essas regiões meus discípulos, grandemente facilitada encontraram a obra de sua predicação e com felicidade acreditavam as gentes na origem divina de seu ministério até admitir a própria divindade do Messias, o que um grave mal foi para mais tarde, mal que a muitos afasta agora das palavras de vida que, em nome do único Deus, trouxe Jesus a seus irmãos da Terra.

Pensai pois agora vós nessas palavras tal como acabais de saber como elas foram ditas e crede que o seu objetivo primordial foi o de desenvolver o sentimento da fraternidade entre os homens, arrancando também dele o verdadeiro fundamento da adoração para Deus, a quem unicamente com amor e por amor se serve. Compreendei também que o verdadeiro amor eleva o homem, desmaterializando-o, quer dizer, vigorizando sua personalidade de espírito. O espírito depois, livre assim das cadeias que o sujeitam sob a forma de baixas paixões, entre as trevas do ambiente material, abre os olhos à luz espiritual e eleva-se facilmente também em conhecimentos pela maior claridade que alcança sua inteligência. É então que melhor compreende o que lhe convém desenvolver em seu próprio ser e o que deve procurar, pois é muito diferente a verdade e a ciência do que a vossos sentidos materiais se vos oferece.

Não olvideis que a finalidade é o Pai e que tudo o que para ele não conduza, da verdade se afasta.

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