Um quadro de Rafael simbolizando o Tempo - Corolarium Cap. LXII

PDF por Nova Ordem de Jesus. 08/05/2016 - 15 min leitura
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Um quadro de Rafael simbolizando o Tempo. — Pessoas que souberam aproveitá-lo enquanto outras o desperdiçaram. — Uma grande lição para a humanidade. — Um quadro de Miguel Ângelo representando o Amor em todas as suas expressões.

Prosseguiremos em nossa visita à Exposição de arte iniciada no capítulo anterior, onde apenas apreciamos o belo quadro de Rembrandt representando a Vida. Um belíssimo trabalho daquele Grande Espírito que viveu na Terra há mais de três séculos, deixando numerosos trabalhos de alto valor. Vamos prosseguir em nossa visita. Aqui está outro importante trabalho. Vejamos qual o nome que o assina. Rafael é o seu autor. Trata-se de outro mestre das belas-artes, como sabeis. Procuremos interpretá-lo. Vede um pouco mais próximo esta figura lendária simbolizando o Tempo, motivo principal deste belo quadro. Como concebeu o autor a figura do Tempo! Procuremos interpretar o seu pensamento. Vem o Tempo de muito longe, fazendo uma grande caminhada. Aqui ele encontra este grupo de crianças despreocupadas da sua passagem, apenas atentas ao seu brinquedo. O Tempo vai passando, como vemos. Aqui adiante o Tempo se detém enquanto promove o amadurecimento das sementeiras que esperavam por ele. É a passagem do Tempo que faz amadurecer os trigais viçosos e também os frutos. Vede que bela concepção deste pintor emérito! O Tempo aproxima-se, detém-se um pouco enquanto a sua presença se faz necessária, e segue adiante. A idéia está aqui muito bem plasmada. Terminada a função que lhe cabia desempenhar em meio aos campos semeados, o Tempo prossegue a sua marcha. Aqui está um grupo de jovens portando livros a caminho daquele grande edifício que deve ser uma Universidade. O Tempo aproxima-se do grupo e os saúda cordialmente, e prossegue, porque a sua função não lhe permite estacionar. Os jovens vão caminhando alegres sem outra preocupação. Vede como se divertem à passagem do Tempo, sem quase lhe darem atenção. Mas o Tempo prossegue em sua marcha. Dirigindo-se para o alto do quadro, o tempo vai vencendo todos os obstáculos naturais do caminho, e ei-lo que se defronta com aqueles dois grupos humanos deixados em sua passagem. Eram crianças no princípio, preocupadas apenas com seu brinquedo, e mais tarde a caminho da Universidade. Vejamos esta bela concepção do pintor. Aquelas mesmas almas encarnadas já aqui se apresentam encanecidas a esta nova passagem do Tempo. Isto significa que se foram os dias da infância e da juventude, assinalados pela passagem do Tempo, estando agora em sua fase final de peregrinação. Examinemos melhor a idéia do pintor. Este grupo de pessoas já na idade avançada apresenta várias características evidenciadas pelo pincel do artista. Há entre elas um bom número que sorri para o Tempo que as observa, como a dizer-lhe que o amam, que o estimam, e por isso tudo fizeram para se regozijar com a sua passagem desde a infância. Quer isto dizer, almas queridas, que estas pessoas souberam aproveitar o Tempo ao longo de sua passagem pela Terra, e sentem-se agora felizes com isso. Há, porém, no grupo, algumas outras pessoas bastante contrariadas, segundo a expressão fisionômica refletida pelo pintor. Estas pessoas assim contrariadas, podemos interpretá-las como aquelas que não deram sua atenção ao Tempo, deixaram-no passar ou o desperdiçaram, nada plantaram nem construíram de útil, chegando à sua fase final desprovidas do necessário.

Há aqui uma grande lição para a humanidade encarnada, minhas almas queridas. Ela nos ensina que a passagem do Tempo é irreversível e ininterrupta, devendo por isso ir sendo aproveitada de maneira útil em todas as fases da vida, porque cada uma dessas fases é também irreversível. Vejamos este outro detalhe. O Tempo atinge o alto do quadro e se oculta e desaparece do cenário. Magnífica a idéia do grande artista! Dir-se-á que o Tempo findou seus dias, que o Tempo acabou para sempre! Nada disto; a concepção do pintor é excelente; ele nos diz neste detalhe que o Tempo desapareceu das vistas daquele grupo de pessoas cuja trajetória chegou ao fim, porém ele apenas vai recomeçar o velho trajeto. Vai surgir novamente a outros grupos de crianças, de jovens e de adultos até ao envelhecimento, num renovar constante para outras e outras gerações. A idéia do grande artista é magnífica em sua concepção da marcha do Tempo através dos milênios de milênios. E a lição que nos cumpre aproveitar é a de que ninguém jamais conseguiu deter a marcha do Tempo. Quem disto se capacitar bem feliz será, porque tratará de aproveitar construtivamente os dias, meses e anos de cada uma de suas existências na carne, procurando acrescentar em todas elas novas e poderosas luzes ao Espírito. Vamos prosseguir, almas queridas.

Temos aqui esta tela gigantesca que logo impressiona pelo tamanho. Vamos apreciá-la e verificar quem a elaborou. Eis a assinatura: Miguel Ângelo. É um dos maiores pintores de todos os tempos, de estatura artística das mais elevadas. É maravilhosa na variedade do seu belo colorido. O que significa este quadro? Belo, belíssimo, almas queridas! Aqui está o seu significado apresentado pelo autor: é o Amor. Eis-nos, pois, diante do quadro do Amor em todas as suas numerosas e encantadoras expressões. Vejamos os detalhes. Aqui está a expressão do Amor materno sem igual. O autor soube reunir aqui na mesma expressão do  Amor materno este conjunto feliz de sua grande concepção. Aqui estão focalizados os aspectos do Amor materno nesta variedade de seres. Mães de várias espécies aqui se encontram devotadas ao filhinho, cercando-o e protegendo-o do desconhecido, mas temido. A mãe humana carrega o filhinho ao colo e o agasalha do frio com todo o seu Amor. As outras mães, que são várias no quadro, não podem fazer o mesmo, mas achegam-se ao filho, cercam-no, tocam-no com todo o carinho numa autêntica expressão do seu Amor por ele. É o Amor materno em sua mais bela expressão que aqui vemos, tão bem refletido nesta pintura de Miguel Ângelo. Mas o Amor prossegue no seu caminho em paralelo com a vida humana. Aqui o vemos neste par de jovens que caminham pela estrada, mãos entrelaçadas, confidenciando expressões de verdadeiro sentimento de Amor. Cumpre-se neste detalhe a Lei da Vida, na aproximação das criaturas. Vede aqui este ninho em construção no alto da árvore, onde duas pequeninas aves pretendem morar enquanto viverem a sua fase de Amor. Vê-se neste detalhe da obra a esplêndida concepção do autor, não esquecendo nenhum aspecto da existência do Amor, fenômeno que se desperta no coração das almas como instinto, ou desígnio da Providência Divina.

O autor apresenta-nos aqui a fase propriamente dita do Amor instintivo, no acasalamento dos seres em geral. Mas vejamos este outro aspecto do Amor, ao qual todas as almas se dedicam devotadamente. Este grupo de anciãos, sendo socorrido por estas jovens irmãs da Caridade, representa de modo perfeito a santidade do Amor praticado na Terra para com as almas necessitadas, inválidas pela idade ou vencidas pelo sofrimento, que o artista aqui nos apresenta à sombra deste grande casarão, que nós tomaremos como algum dos muitos asilos existentes na Terra. Este é sem duvida um dos mais belos aspectos do Amor praticado na Terra. Sua prática muito contribui para a purificação das almas, elegendo-as em seu merecimento perante as Forças do Bem, em sua mais alta expressão. Felizes, muito felizes mesmo, as almas que conseguirem compreender e praticar o Amor em tão refinada expressão. Ao regressarem ao seu plano de vida espiritual, receberão centuplicado em bênçãos e luzes espirituais aquilo que houverem repartido com suas irmãs necessitadas. Isto mesmo está aqui bem patente, magistralmente refletida pelo grande artista. Eis este luminoso grupo de almas em festa, irradiando alegria e felicidade. São almas regressadas do solo terreno, onde cumpriram deveres livremente assumidos ao partirem para a Terra, e, neste tipo de luminosidade que as envolve, o reconhecimento das Forças do Bem pelos serviços prestados ao Amor-Caridade, segundo a concepção do artista. Este é bem o quadro do Amor em seu aspecto puramente humano, é claro. Porque outro aspecto ainda existe, que é o Amor espiritual, aquele que se irradia do coração magnânimo do Senhor, representado por aqueles raios que vedes, partindo do alto do quadro, de uma tênue luminosidade quase imperceptível, mas que, como vedes, ilumina todos os detalhes desta magnífica pintura. É o Amor de Jesus, presente em todas as fases e detalhes da vida terrena, a acompanhar e proteger as almas em suas atividades. A circunstância de partirem estes raios do ponto mais alto deste quadro magnífico merece também uma interpretação, que é a seguinte: a irradiação do Amor Divino partindo do Alto e se estendendo por todo o plano terreno aqui figurado no belo quadro de Miguel Ângelo, é um convite a todas as almas encarnadas a se voltarem na direção destes raios luminosos, sempre que sentirem necessidade de proteção extraterrena. O caminho a seguir, então, aí está indicado pelo artista, ao conceber este belo fenômeno partindo do alto do quadro e se evidenciando em toda a área da pintura. Isto representa evidentemente, no colorido tão expressivo em que foi concebido, a idéia que vem sendo difundida no solo terreno pelos numerosos emissários do Senhor, procurando atrair urgentemente as almas para Jesus, o Divino Pastor, antes que determinados acontecimentos as surpreendam em meio à sua incrível tranquilidade e despreocupação. Estamos realmente diante de uma das mais belas concepções artísticas, tão bem refletidas neste quadro gigantesco.

Para representar o Amor, teria o autor efetivamente de necessitar de amplo espaço, o qual soube aproveitar magistralmente. Neste segundo dia de visita à Exposição, só conseguimos apreciar estas duas grandiosas produções, assinadas por nomes cuja história encontrareis contada nas vossas bibliotecas. Amanhã prosseguiremos com a mesma tranquilidade e espírito de observação com que apreciamos estes belos e expressivos quadros, O que é importante para todos os visitantes de certames como este, não é a contemplação pura e simples do colorido da pintura, no qual os artistas põem a própria alma em numerosos casos, mas sobretudo procurar penetrar a sua imaginação ao conceberem os diversos detalhes da obra. Foi o que eu procurei fazer em relação às obras visitadas, a tirar das mesmas a sua perfeita relação com a realidade da vida terrena. Deste fato, muita luz há de brotar em todas vós, almas queridas, em face da situação em que vos encontrais na Terra, cujo tempo eu considero excepcionalmente propício para cada uma de vós na hora que passa.

Ainda a respeito do Tempo, tão fielmente concebido no quadro que hoje visitamos, eu desejo dizer ao ouvido espiritual de todas vós, almas queridas, que os minutos que estais hoje vivendo na Terra podem ter uma importância decisiva em vossas vidas futuras. Não menosprezeis nem desperdiceis os vossos minutos presentes; antes tratai de os aproveitar em favor do vosso futuro espiritual, o qual, assim como o Tempo, não se detém nem retorna. Desta maneira, eu vos aconselho a utilizar os vossos minutos disponíveis em favor do vosso progresso espiritual, seja voltando-vos para o Senhor Jesus em preces fervorosas, rogando-lhe os esclarecimentos de que porventura necessiteis, seja agradecendo ao Senhor as graças recebidas nos dias, meses e anos decorridos, mediante as quais todas conseguistes chegar ao dia de hoje. Esta maneira de aproveitardes os minutos disponíveis servirá para firmar e consolidar perante o Senhor o conceito de almas inteligentes que realmente sois, e a segurança de que estareis cumprindo fielmente na Terra a missão recebida no Alto por todas vós ao partirdes para a presente encarnação.

Agora um detalhe final que ainda desejo apresentar-vos em relação ao que hoje pudemos apreciar nos dois quadros que tivemos oportunidade de analisar. A concepção de ambos, Tempo e Amor, podemos dizer que se completam na existência de cada alma na Terra. Assim, enquanto o Tempo tudo beneficia, fazendo crescer as plantas, os alimentos, amadurecendo os frutos, mas também as pessoas, o Amor as beneficia quando presente nos corações, trazendo consolações insubstituíveis às almas que o possuírem, mas sobretudo àquelas que souberem empregá-lo, visando ao maior bem dos seus semelhantes. O Amor sabiamente utilizado pelos seres humanos em cada uma de suas estadas na Terra constitui a maior força que poderão utilizar para a sua redenção. Só pelo Amor será salvo o homem, disse o Senhor Jesus. E assim é realmente. O Amor empregado pelas almas em todos os momentos e atividades, mas sobretudo em favor dos semelhantes, será em verdade a maior força propulsora da sua verdadeira paz e felicidade. Guardai bem isto, almas queridas.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.

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