Um monumento à Vida - Corolarium Cap. LXVII

PDF por Nova Ordem de Jesus. 09/05/2016 - 15 min leitura
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Um monumento à Vida. — Flores em botão como começo da Vida. — Almas que venceram e almas que fracassaram. — Necessário reformar o ensino religioso. — Entidades canonizadas voltam frequentemente à Terra. — No Alto não existem Santos.

Vamos prosseguir em nossa visita a esta bela Exposição, para cujo brilhantismo contribuíram os maiores artistas do mundo espiritual, aqui nos apresentando cada qual o resultado de suas magníficas concepções. Vamos então prosseguir, minhas almas queridas, acompanhadas desta bela alma, uma das muitas aqui destacadas para interpretar para os visitantes da Exposição, a idéia fundamental dos artistas ao elaborarem os seus trabalhos.

— Qual o trabalho que deveremos visitar no dia de hoje, bela alma?

— Para hoje, Alma Excelsa, eu sugiro apreciarem este conjunto que aqui está, executado por um dos mais renomados escultores deste plano. Trata-se de um pequeno monumento à Vida, segundo a imaginação do escultor. Vejamos o trabalho por partes. Eis na base do conjunto, simbolizando o começo da Vida, este canteiro de flores em botão, tão belamente confeccionadas, que nos dão esta impressão agradável de se tratar de flores naturais. Quer o artista significar que no começo da Vida tudo são flores prestes a desabrocharem. Um pouco acima, como vêem, já se prenunciam os trabalhos, as lutas pela Vida, aqui representadas por este grupo de jovens tentando a escalada desta muralha, aqui colocada para significar os esforços empreendidos pelas almas encarnadas desde a juventude. Vemos então que algumas destas almas alcançaram o cimo da muralha, enquanto várias outras apenas iniciaram a escalada. Já aqui podemos ver que, segundo a imaginação do artista, nem tudo são flores. Algumas não tiveram forças para alcançar o cimo da muralha e permanecem lutando com esse objetivo, agarradas fortemente, com todas as suas forças, à estrutura da muralha no seu ardente desejo de vencê-la. Agora vejamos aqui ao pé da muralha, as almas que não tiveram forças para subir ou que se desprenderam na escalada, e tombaram exaustas.

Com este detalhe pretendeu o artista significar os inúmeros fracassos  ocorridos no mundo terreno, com as almas que muito se tenham empenhado em sua escalada para subir na Vida, mas que o não conseguiram tal como desejavam. Agora o alto da muralha. Vemos aqui este numeroso grupo de almas esculturadas pela imaginação do artista, para simbolizar os seres humanos que lograram vencer a muralha da Vida. Vede, porém, Alma Excelsa, em que condições vários deles se apresentam, a julgar pelo seu aspecto fisionômico. Vemos que vários desses seres humanos como que se lamentam e outros choram de arrependimento, embora hajam todos alcançado o cimo da muralha. O motivo reside aqui, Alma Excelsa. Cada um destes seres, ou destas almas, conduziu o seu bornal no qual, segundo o artista, devem encontrar-se os seus bons atos, as ações meritórias praticadas durante a escalada da muralha. Vemos que várias dessas almas lograram conduzir o seu bornal com o maior volume desses atos bons, e aqui se encontram agora sorridentes, alegres e felizes. Estas outras, porém, quase nada ou nada conseguiram conduzir, e assim se lamentam enxugando o pranto do arrependimento. Há, ainda, este detalhe criterioso, Alma Excelsa. Estas duas almas que aqui estão debruçadas sobre a muralha a olhar para a base do monumento, representam as almas que ao fim de sua existência no mundo terreno regressam ao plano espiritual desprovidas de atos meritórios que não praticaram, e muito desejariam voltar à Terra para se recuperarem. O artista simbolizou semelhante atitude nestas duas almas debruçadas sobre a muralha, como a medirem a sua profundidade para um salto que pudessem tentar. Esta é a interpretação transmitida pelo próprio artista, e que eu tenho a satisfação imensa de reproduzir, com muitas deficiências naturalmente Alma Excelsa.

— Eu apreciei com muito agrado a bela interpretação deste trabalho notável, sobre todos os aspectos: pela sua grandiosidade e pelos detalhes tão significativos que apresenta em relação às lutas das almas encarnadas para vencerem na Vida. Eu te agradeço de todo o coração, bela alma, a tua interpretação tão inteligente para todas nós.

— Como ouvistes, almas queridas, neste magnífico trabalho que estamos apreciando, uma alma refinada de artista imaginou com rara felicidade reunir numa escultura, da melhor maneira possível, as lutas, os trabalhos, as vitórias e também as derrotas de muitas almas encarnadas. E muito bem conseguiu este grande artista fixar esses diversos aspectos. Todas vós que me acompanhais nesta visita, conheceis de perto esses aspectos por tê-los vivido já em boa parte, e estar vivendo os demais. O que, porém, mais me agradou em todo este magnífico trabalho, pelo que de advertência pode representar para todas as almas encarnadas, são estas figuras que conseguiram vencer esta alta muralha representando a Vida. Seu pensamento foi perfeito ao reproduzir aqui as almas que chegam de regresso ao nosso plano desprovidas de bagagem útil, que são aqui estes bornais vazios, tão bem reproduzidos. Estas almas viveram mais ou menos folgadamente a sua vida terrena, ganharam bastante dinheiro ou acumularam bens materiais, sem, no entanto, se preocuparem com a bagagem espiritual que vieram construir na Terra. Ao fim de sua jornada, ei-las que regressam ao seu plano no Alto de mãos vazias, tão vazias como desceram à Terra. O artista foi bem inspirado na elaboração destas figuras humanas em atitude lamentável, e até em pranto, por só então verificarem que perderam uma encarnação a mais. Estas duas almas que se debruçam sobre a muralha, espelham com muita fidelidade o que sucede no Alto, sempre que as almas se dão conta do pouco ou nada feito na Terra. O seu primeiro desejo é voltar imediatamente ao solo terreno para se recuperarem na aquisição das luzes que vieram buscar antes, mas não adquiriram. E quando essas almas se informam de que uma nova encarnação requer um período de espera que pode atingir ou até ultrapassar um século, elas se lamentam dolorosamente, mas sem remédio. E são tantas as almas regressadas nesta situação ao mundo espiritual, que nos causam a mais profunda compaixão.

É de justiça, porém, reconhecer que motivos existiram até há pouco para que tal fenômeno se verificasse neste mundo terreno, pela falta, principalmente de ensinamentos bastante claros a respeito. O ensino religioso elementar difundido entre as almas encarnadas, de tão elementar em todas as correntes religiosas, não chega a despertar o verdadeiro sentido na vida na Terra. Do Oriente ao Ocidente o que nós constatamos do Alto é mais o interesse associativo humano, do que o verdadeiro sentido espiritual da vida. Estabelecidos os dois destinos das almas, que unicamente podem escolher entre o Céu e o inferno, segundo a vivência terrena de cada uma, não conseguem elas compreender no íntimo de seu coração a razão destes dois pólos no mundo espiritual. E não chegando a compreendê-los, a grande maioria dos seres humanos passa então a viver despreocupadamente a sua vida material, apenas buscando o conforto e os prazeres que a mesma possa oferecer.

Disto se conclui, por conseguinte, que uma grande reforma se impõe no esclarecimento das almas encarnadas, visando a despertar nelas o verdadeiro sentido da vida terrena. É preciso ensinar com verdadeiro sentimento de amor a todas as almas encarnadas desde os seus primeiros anos, que elas se encontram na Terra uma vez mais após se haverem empenhado seriamente para voltar aqui, exclusivamente para progredirem espiritualmente, e jamais para enriquecerem materialmente. É preciso, inclusive, esclarecer a todas as almas encarnadas, que a idéia de Céu e Inferno se refere a um estado da alma e jamais a um destino segundo o comportamento que tiverem na Terra. Explicar-se-á, então, que o encaminhamento de uma vida moralmente correta no mundo terreno, procurando ver em seus companheiros de jornada outras almas irmãs e jamais concorrentes, desafetos ou até inimigos, uma vida vivida assim com elevação moral, é que pode levar as almas a sentir-se num verdadeiro Céu, pela paz e tranquilidade que passam a desfrutar. Ao contrário disto, aquelas que por ignorância destes esclarecimentos se entregarem a uma vivência cem por cento materialista, onde somente o próprio Eu exista, com o desprezo pelo interesse e bem-estar dos semelhantes, uma vida assim vivida poderá determinar na alma um estado de absoluta intranquilidade e mal-estar por ocasião do seu regresso ao mundo espiritual, e neste estado é que lhe ocorrerá a idéia do Inferno. É tempo já de implantar na Terra o verdadeiro ensino religioso à luz do Espiritismo, como a idéia mais perfeita e oportuna de esclarecimento das almas encarnadas. Nenhum outro ensinamento logrará interessar tão profundamente as almas encarnadas como este de que se ocupam todos os emissários do Senhor ao meio terreno. Sendo as almas realmente Espíritos encarnados em busca de maiores luzes, e estando todas elas estreitamente relacionadas com a teoria espiritualista do mundo espiritual, o mais aconselhável e mais oportuno é procurar esclarecê-las em tal sentido para o seu maior bem e progresso espiritual enquanto na Terra.

Há um ponto que eu desejo esclarecer ainda, em relação com o ensino religioso difundido na Terra, principalmente pela chamada Religião Católica, que é o culto das Entidades que viveram na Terra nos dois últimos milênios, e aqui se distinguiram por suas atividades benéficas à coletividade. Essas Entidades que regressaram aureoladas ao mundo espiritual, tendo voltado várias vezes à Terra após a sua canonização, sentem-se de certo modo constrangidas quando invocadas pelas almas encarnadas suas devotas, como seres espirituais santificados. E como a maioria dessas Grandes Almas se encontra frequentemente na Terra no desempenho de novas tarefas de serviço do Senhor, sucede que almas devotas ao se ajoelharem perante os respectivos altares e lhes implorarem proteção e graças, estão apenas irradiando seus pedidos ao Senhor Jesus, que é quem verdadeiramente atende a esses pedidos. Eu mesma devo confessar que todos os pedidos e orações que me foram dirigidos nos períodos em que me encontrava reencarnada, que foram vários nestes dois últimos milênios, foram recebidos e atendidos pelo Senhor Jesus, o Divino Pastor de todas as almas encarnadas. Deve, por conseguinte, a Religião Católica modificar este ensinamento, assim como pôr fim ao processo de canonização das almas destacadas da sua Igreja, um ato apenas confinado ao plano terreno, porque no Alto não existe a designação de Santo. Eu prefiro considerar as almas assim distinguidas no mundo terreno com o pomposo título de Santo ou Santa, como criaturas beneméritas da sociedade humana, pelos serviços relevantes que conseguiram prestar à comunidade. Sua categoria no mundo espiritual se identifica bem claramente pela luminosidade do respectivo diadema, no qual se ostentam os focos maiores ou menores resultantes de suas atividades no mundo terreno.

A propósito ainda da canonização de determinadas almas que mereceram esse honroso título da Igreja de Roma, já se contam no Alto várias dessas grandes almas que receberam esse título em duas, três e até quatro vezes, ao fim de novas encarnações, sempre com nomes diferentes. Este instrumento que me serve de intermediário, por exemplo, conta presentemente três desses honrosos títulos, em oito encarnações terrenas nestes quase vinte séculos. Talvez eu possa mencionar esses títulos ainda neste livro, se para isso eu receber a necessária aprovação do Senhor. Assim, se devotos ele tiver relacionados com, as três encarnações em que foi canonizado, as rogativas desses devotos, dirigidas a cada um dos títulos que lhe foram atribuídos, têm de reunir-se na mesma alma e serão sempre atendidos pelo Senhor Jesus. Podereis talvez querer saber, almas queridas, se os santos que vivem no Alto não dispõem de poderes para atender, eles próprios, aos pedidos que lhes são dirigidos da Terra pelas almas devotas. Minha resposta é afirmativa, quanto àquilo que estiver nas suas possibilidades atender. Isto eles o fazem, da mesma maneira que um funcionário categorizado de uma repartição do governo pode atender a determinada solicitação das partes. Pela sua categoria, o funcionário dispõe de autoridade para atender a qualquer necessidade do público, desde que enquadrada nas suas atribuições. Se, entretanto, essa necessidade exceder o limite das suas atribuições, e o funcionário desejar servir a parte solicitante, ele encontrará meios de pleitear perante o chefe maior e se empenhará em obtê-la. Assim procedem também no Alto as Entidades santificadas ao receberem os pedidos ou rogativas das almas encarnadas. Sempre que os mesmos excederem as suas possibilidades, elas se dirigem ao Senhor Jesus, como eu própria tenho feito inúmeras vezes, e o Senhor concede a necessária autorização. É assim, almas queridas, que todas nós procedemos no Alto quando vos lembrais de nos endereçar os vossos pedidos, quando justos e atendíveis. É tão perfeita a nossa organização de trabalho no Alto, que nós nos desobrigamos dos nossos misteres na mais perfeita harmonia vibratória em tudo quanto nos cumpre fazer.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.

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