O desinteresse manifestado por muitas almas sobre o seu regresso ao mundo espiritual - Corolarium Cap. XLVIII

PDF por Nova Ordem de Jesus. 02/05/2016 - 15 min leitura
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O desinteresse manifestado por muitas almas sobre o seu regresso ao mundo espiritual, fato certo, irremovível. — Quem bem pensa bem age. — Deveis preocupar-vos com o vosso regresso. — Palavras de verdadeira fé operam grande milagre.

As circunstâncias que rodearam no Além a elaboração dos planos transformatórios deste pequeno mundo de Deus, deram-nos a segurança de que todo esse movimento se há de processar com um mínimo de sacrifícios para as almas encarnadas. Alguns sacrifícios sempre os haverá, principalmente nas áreas densamente povoadas, nas cidades, por exemplo, que estiverem situadas nas regiões a serem atingidas pelas modificações do solo terreno. Isto tudo foi previsto pelas Forças Superiores na elaboração dos planos, mas foram planejados inclusive os socorros a serem prestados às populações, não havendo assim motivos de maiores preocupações por esse lado.

Os homens e as mulheres do momento histórico por que está passando a Terra, sendo como são, Espíritos de uma certa elevação, bem compreenderão os fatos quando eles se apresentarem, de modo a se ajustarem aos mesmos e neles se integrarem da melhor maneira possível. As advertências, os conselhos e os ensinamentos mandados divulgar na Terra pelo Senhor Jesus hão de contribuir decisivamente para que tudo se processe na mais perfeita ordem sob a égide das Forças Superiores que se encontram presentes junto a cada um de vós em todos os momentos. Apelai então para elas quando sentirdes que algo está acontecendo em torno, e tereis imediatamente a prova do que vos digo.

Dito isto à guisa de introdução ao presente capítulo, por ser esse em verdade o tema fundamental de todas as Entidades missionárias, eu tratarei de assunto do maior interesse para quantos se encontram na Terra no momento que passa. Referir-me-ei então ao que diz respeito ao cumprimento das tarefas de cada ser humano em sua vida terrena, tarefas relacionadas com os objetivos da sua vinda à Terra. Começarei por me referir à atitude de completo desinteresse manifestada por muitas almas encarnadas a respeito do seu regresso ao mundo espiritual, fazendo quase todas por não se lembrarem sequer desse momento, não obstante o considerarem certo, irremovível. Ora, exatamente por se tratar de um fato certo, irremovível na vida de cada ser humano, é que há necessidade de todos se preocuparem com ele e se prepararem devidamente para o seu dado momento.

De uma preocupação dos homens como das mulheres, com a sua partida da Terra, resultará um grande bem para as suas almas, pela circunstância de se firmar nelas a idéia do seu regresso mais cedo ou mais tarde, e tal regresso mais feliz se fará quando as almas o admitirem como um fato natural, tão natural quanto a sucessão dos dias com o aparecimento do sol no horizonte. A idéia assim alimentada pelas almas encarnadas terá ainda a virtude de as afastar de muitas práticas incompatíveis com a sua felicidade espiritual, e aí reside evidentemente um grande bem para elas. Uma alma consciente de sua estada transitória na carne, e que lhe cumpre aproveitar esse fato para se enriquecer de luzes espirituais, objeto de sua vinda ao solo terreno, surpreender-se-á ao regressar ao seu plano de origem quando isso acontecer, ao constatar quão proveitosa lhe fora a sua última vinda à Terra.

De estudos e observações procedidos por Entidades esclarecidas junto aos seres humanos, chegou-se no Alto à conclusão de que a circunstância de muitos não cogitarem sequer do seu regresso ao mundo espiritual, é que os leva à prática de muitos atos incompatíveis com a sua verdadeira felicidade. Deveis conhecer pessoas nestas condições, pessoas às quais apavora a simples idéia de sua transitoriedade na Terra, recusando-se terminantemente a falar nisso. Pois, minhas queridas, eu vos afirmo que melhor será que todas as almas mantenham esse fato sempre presente na memória, porque daí resultará um equilíbrio de pensamentos e de vida altamente benéfico para todas. As pessoas que se habituaram à sua prece e meditação diárias já se encontram no caminho certo, o caminho que as conduzirá à realização de suas aspirações terrenas, as mais puras, justas, elevadas, e jamais à prática daqueles atos inconvenientes ou prejudiciais à sua felicidade. Esta classe de pessoas, pelo seu justo proceder, está sempre acompanhada pelas Forças Superiores, desejosas de ajudá-las em suas realizações. Verifica-se então nesta categoria de pessoas a justeza daquele velho princípio que nos ensina que quem bem pensa bem age, que constitui uma verdade autêntica. Se o homem como a mulher são o produto dos seus pensamentos, e se esforçam por bem pensar, logicamente só poderão agir bem, no sentido construtivo, elevado, em harmonia com o conjunto vibratório das Forças Superiores. Eis um dos motivos pelos quais se aconselha a todas vós, almas encarnadas, a conveniência de vos preocupardes com a vossa partida de regresso ao mundo espiritual, ao qual ascendereis conduzindo como bagagem apenas luzes e bênçãos resultantes dos vossos atos e procedimentos terrenos. Só e exclusivamente isso, minhas almas queridas; o demais que houverdes acumulado em vossos trabalhos e canseiras, ficará na Terra, por fazer parte do patrimônio terreno.

A propósito do que acabo de dizer, vou relatar-vos um fato bastante elucidativo ocorrido em certa região do mundo terreno, não faz muito tempo. Vivia com sua família nessa região um homem bastante instruído dedicado ao cultivo das suas propriedades, cuja renda lhe permitia viver inteiramente despreocupado dos problemas comuns a muitas pessoas na Terra. Sendo uma criatura educada nos bons princípios religiosos que mandam amar o próximo como a si mesmo, aquele nosso irmão sentia em seu coração o dever de prover de alimentos e alguns recursos as famílias necessitadas da redondeza. Constituía então um agradável prazer para aquela Grande Alma reunir nas suas propriedades em certa época do ano, ou seja na época das colheitas, mais de uma centena de pessoas a ajudarem nesse trabalho de recolhimento da produção das terras dadivosas. No final desse trabalho de que todas as pessoas vizinhas participavam, ocorria então a grande alegria do proprietário das terras dadivosas: cada uma das pessoas que tomaram parte naquela tarefa, fossem adultas ou crianças, retirava-se conduzindo às costas ou na cabeça um saco maior ou menor dos produtos recolhidos na colheita anual. Era este o espetáculo que enchia de alegria aquela Grande Alma: assistir à partida de quantas pessoas haviam participado das tarefas concluídas, conduzindo cada qual a sua parcela que ele considerava muito justamente merecida.

Assim decorriam os anos na região habitada por aquele nosso irmão, recolhendo anualmente na abundância de suas colheitas o suficiente para viver tranquilo e feliz com os seus. Um ano porém se apresentou de todo desfavorável em toda aquela região. A inclemência do sol e a falta de chuvas impediram a continuidade das boas colheitas de sempre, surgindo já em vários lugares o espectro da fome para muita gente. As terras do nosso bom irmão, sentindo as consequências da seca, já demonstravam a improdutividade daquele ano. Os vizinhos vinham procurá-lo para se certificarem de sua próxima participação nos trabalhos habituais, mas voltavam abatidos ante o espetáculo gerado pela seca. Adivinhavam por isso o que teriam de passar eles próprios, ante a falta do donativo habitual.

Por sua vez o nosso bom irmão, igualmente preocupado com a situação visível dos vizinhos, tomou a sua resolução. Resolveu apelar para o Senhor Deus, como costumava referir-se ao Senhor do Mundo, a fim de que o inspirasse acerca de como proceder em tal emergência. Certa madrugada, ao fim duma noite em que não pudera conciliar o sono, levantou-se e saiu para o campo com a idéia de falar com o Senhor Deus em voz alta, para que melhor pudesse ser ouvido. Dirigiu-se a uma elevação à margem de suas terras, uma pequena montanha, e aí se sentou. Olhou para o nascente, onde o astro-rei começava a insinuar-se, e a ele se dirigiu em palavras de verdadeira fé. Traduziu da melhor maneira o grave problema do momento, esclarecendo em suas palavras, que semelhante problema era menos seu do que dos seus pobres vizinhos. Ele, dizia, possuía reservas que lhe permitiam atravessar o ano seguinte com sua família, Mas, e os vizinhos, que nada possuíam, como haviam de resistir à fome? O bom homem orou e falou durante algum tempo naquela pequena montanha, até que os raios solares, já intensos, o aconselharam a regressar. Durante todo o dia aquela Grande Alma orou e pediu constantemente ao Senhor Deus que o ouvisse, que o atendesse, atendendo assim a mais de uma centena de famílias que se avizinhavam da fome irremediável. O dia decorreu para o nosso bom irmão em meio a uma certa tensão nervosa, resultante de sua grande preocupação. Por fim, ao cair da noite, já um pouco abatido pela enorme tensão do dia, tratou de recolher-se com sua família, após orarem reunidos todos os membros, como de costume. Recordou o ensinamento evangélico: batei e se vos abrirá; pedi e se vos dará, e isto proporcionou à sua alma um grande conforto.

Pela madrugada seguinte ocorreu algo de extraordinário, de impressionante, ou mesmo aterrador nas propriedades daquela Grande Alma. Um estrondo despertara a família, que, assustada, veio para fora de casa; um segundo estrondo mais forte derramara o pavor em todos os corações. Ninguém atinava com a causa daquilo. Seria um castigo, indagava, silencioso, o bom irmão, por ter insistido tanto no seu pedido ao Senhor Deus? Seria então um castigo? Os minutos decorriam nesta incerteza para aquela Grande Alma, ao passo que os membros da família oravam, reunidos, pedindo, implorando clemência ao Senhor do Mundo em tão aflitiva emergência. As coisas passavam-se dessa maneira na Casa Grande, quando a presença de pessoas da redondeza despertou a todos aos gritos de água! água! Muita água! As pessoas que vinham chegando, tendo sido despertadas também pelos estrondos enormes que haviam estremecido as terras, haviam passado próximo da pequena montanha que ficava à margem das propriedades, precisamente o local onde havia orado ao Senhor Deus o proprietário das terras. E contaram então, tomadas de certo pavor, aquelas pessoas: água! muita água está correndo daquela montanha que se abriu pelo meio! Correram todos para ver o que havia. E constataram, o proprietário à frente, que os dois estrondos haviam aberto uma grande fenda na pequena montanha, liberando volumosa corrente líquida que procurava caminho através das propriedades que lhe ficavam abaixo. Isto constatado por todos, produziu grande alegria nos corações. Aí estava constatado o atendimento do Senhor Deus à rogativa cheia de fé daquela Grande Alma. Precisamente no local em que a rogativa fora elevada, era que o atendimento se constatava. As Forças Superiores, que também podem ser designadas Forças da Natureza, haviam providenciado a liberação daquele volume de água que atravessava a pequena montanha, para salvar da seca e da fome aquela centena de famílias adjacentes. Firmado ficou então, uma vez mais, o princípio que nos ensina a bater e pedir com fervor, porque a porta se abrirá e seremos atendidos.

O fato deve servir de exemplo para todas as almas encarnadas, a fim de que apelem, quando julgarem necessário, às Forças Superiores em suas dificuldades ou necessidades. É apenas necessário possuir a fé no coração, para que seus pedidos sejam recebidos, ouvidos e atendidos pelas Forças Superiores. O Senhor do Mundo, que tudo sabe e acompanha do seu plano de vida, deseja atender constantemente às necessidades das almas encarnadas, mas aguarda que as mesmas se manifestem claramente, que peçam o que desejem, para que o Senhor as atenda prontamente. O caso que venho de relatar não é o único que conheço, porque vários outros ocorreram em várias épocas, em condições semelhantes. Observareis o desprendimento daquela Grande Alma, colocando acima do seu próprio interesse o atendimento às necessidades prementes daquelas famílias vizinhas que contavam com o produto de suas propriedades. Ele viu assim prontamente atendida a sua rogativa, e de uma maneira que a outras propriedades também beneficiou. Estabelecendo-se assim um belo córrego partindo das suas propriedades, depois de as beneficiar integralmente porque partia de mais alto, o precioso líquido foi encaminhado de maneira a irrigar todas as demais propriedades situadas em nível inferior, no percurso de alguns quilômetros. Vede, pois, almas queridas, como é grande a misericórdia divina! Atendendo ao justo pedido de uma só alma, pode beneficiar igualmente tantas e tantas outras também necessitadas. A corrente líquida oriunda daquela pequena montanha, por sugestão da Grande Alma, foi então batizada com a denominação de Riacho do Senhor, ainda existente na região em que surgiu em meados do século passado.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.

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