O Apóstolo João explica sua posição em meio da pequena igreja galiléia - Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo - Parte II - Cap. XXX

PDF por Nova Ordem de Jesus. 11/05/2016 - 52 min leitura
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O Apóstolo João explica sua posição em meio da pequena igreja galiléia e a sua atuação posterior, aproveitando o momento para esclarecer muitos pontos obscuros dos princípios do Cristianismo.

O que disser: não tenho pecado, a si mesmo enganaria e se eu vos disser que não tenho pecado, me torno mentiroso e não está em mim a palavra daquele que veio em nome do Pai para o conhecimento da verdade que do Pai é. Mas se longe estava João da pureza do Salvador, seu coração estava no entanto com ele, que sob seu amparo o cobriu e como filho amado o tratou.

Como vos digo aconteceu: que estavam unicamente com Jesus, Cefas e Simão1 na aprendizagem do apostolado aos quais o Messias havia dito: pescadores sois de peixes, mas vinde, segui-me e pescadores vos farei de homens; e nesse tempo minha mãe, chamada Salomé, ouvia a Jesus com grande fé e devoção na palavra de Deus, e compreendendo ela que era ele verdadeiramente o profeta esperado, o filho de Deus vivo, quis dependência dele para seus filhos, no amor, nos ensinamentos e na obediência, como pai, mestre e senhor. Estes eram: Tiago meu irmão mais velho, e eu, João.

Nosso pai, Zebedeu, achou bem como a mãe e levados fomos à presença de Jesus, que nos recebeu com o amor que lhe era comum, sendo-lhe estimada a família de Zebedeu que fé e devoção nele tivera.

Já disse portanto, sem culpa não devo dizer-me, porém os curtos anos, a natural vivacidade e muito loquaz, compreendendo também mais depressa as cousas pelo Mestre ditas, davam-me, perante o Senhor, alguma aparente preferência e dela não soube João usar para o bem, mas sim, para querer elevar sua própria pessoa de discípulo preferido. Tão-somente a Cefas, ou Pedro como se lhe chamou desde esse tempo, tinha João em consideração, por seu grande zelo e firmeza no amor do Mestre e cumprimento das cousas que dele vinham.

A vaidade e a falta de experiência chegaram desta maneira a ser causa de alguns ciúmes na família de Jesus e discutindo com mau modo, ainda que com razão muitas vezes, estabelecia causas de pequenas discórdias. Meu irmão Tiago vinha sempre em meu apoio. Era ele também vivo e inconstante no temperamento, sendo que na iniciativa acanhado era e em ajudar o irmão era o contrário.

Muito pouco certamente era de importar, para a pequena comunidade, os ditos ciúmes e a tais dissensões entre os irmãos. É preciso, porém, considerar a diferente natureza de todo o homem, e é por isso que Judas, chamado o Iscariote, débil de corpo, com timidez e retraimento em sua pessoa, deu-se em acreditar que não o tomavam em consideração e as aparentes preferências do Senhor por Pedro e por João abriram profunda ferida em seu coração. O espírito do mal trabalhava invisivelmente e faltou-lhe a confiança no Mestre, que o teria salvo; antes o entregou, porém não por dinheiro, que ninguém lhe ofereceu, mas sim por idéia de sua vingança.

Judas, caído no arrependimento assim que o mal praticou, internou-se no campo, vida levando de pena e de trabalho. Espírito de luz é hoje como os outros discípulos do Senhor.

João pôde bem desinteressar-se um pouco de si próprio para aproximar-se do irmão e libertá-lo das trevas de seu coração com palavras de amor, enquanto que somente de fantasias e do desejo de glória apostólica cheia tinha eu minh\\\'alma.

Irmãos meus: Qualquer que comete pecado, transgressão faz também à lei e para o cumprimento dela, nela mesmo castigado é o transgressor, encontrando entrada o espírito maligno. Ele age depois tentando a cada qual em suas fraquezas. Assim sucedeu portanto que não tentou a João na maldade o espírito maligno, mas sim em suas fantasias, dadas a exagerar todas as cousas do Mestre, querendo elevá-lo até Deus para elevar-se depois até ele também. Porém o amor de João era grande. Sua fé, grande era também e sua vontade como as duas. Queria o engrandecimento da doutrina elevando o seu divino divulgador e perante até os outros apóstolos, engrandecimento demonstrava de tudo o que ele só lhes dizia saber ou haver visto do Mestre.

Eis, portanto, que o espírito maligno preparava nele as causas do que mais tarde aconteceu em Éfeso.

Tudo o que saído foi da boca de João em sã intenção foi para o amado Mestre e também os milagres não foram assim como meu exagerado caráter os pintou; não foi somente João que os afirmou, mas sim também os outros discípulos e muitos de seus ouvintes. Exagero, devo dizer, não falsidade, pois milagres eram nesses tempos a visão do ainda não acontecido, o conhecimento do pensar de outro, a cura de enfermos incuráveis, a liberação dos espíritos imundos dos pecadores dominados por eles. Isto o Senhor fazia e ensinou-o a fazer aos seus discípulos também; porém, o que de verdade há em chamar-se milagre não existiu e de sua invenção a João por completo pertence a iniciativa; os outros discípulos submeteram-se pouco a pouco ou calaram e depois aceitaram e também como eu, falaram afinal.

Se eu vos disser, portanto, que não tenho pecado, torno-me mentiroso, porém o tal pecado em falar dos milagres que não existiram, eis que para bem vieram, como pelo próprio Jesus dito é. O espírito maligno, portanto, apesar de procurar o mal, fez o bem, porquanto até o mal e a própria morte hão de servir de pedestal ao bem, pois tal é a lei de Deus.

Isto foi quanto aos fatos do Messias; nos tempos porém que decorreram depois de sua morte, nas doutrinas confusão trouxe também sua fantasia, por querer fazer melhor, em recordação e amor, das palavras do Mestre, sendo porém que o espírito maligno da vaidade, ainda que fosse pouca, porém grande por ser do apóstolo, porta aberta encontrou no curto entendimento do discípulo predileto de Jesus. É assim, portanto, que muito trocadas foram as palavras do Messias no Evangelho de João, que aos outros arrastou em parte, dando-lhe a todos para dizer da anunciação do anjo, do nascimento de uma virgem, da morte dos inocentes e outras cousas que João soube de conhecimentos adquiridos nas cidades que visitou quando se dispersou a primeira igreja, pela destruição de Jerusalém, no ano 70 de Jesus Cristo.

Pecado portanto houve em João, porém não a intenção do mal; sim, mais desejo do bem em seu coração por amor do Mestre e pelo maior valor que nesciamente acreditou dar às suas palavras, perante os homens. E é verdade que nós, unção do Filho de Deus recebemos e o amor e a fé estavam em nós e tudo assim para nós era levado e o pecado de João foi muito maior que outra cousa, pela falta do entendimento no qual soprando o espírito maligno e entre o vaidoso de seu coração, que pouco via já a humildade da doutrina, fez-lhe ver o que não devia, quer dizer: Quis engrandecimento dar às cousas que de Deus vinham e que maiores por isso eram; porém o grande fez pequeno e das causas de Deus cousas de homens.

Porém no tempo que isto fiz, cegos eram os entendimentos e as cousas assim ditas mais valor por certo encontravam, do que se a simples verdade ouvissem. Contrário, porém, é hoje o fato, chegando as gentes a desconhecer não somente os milagres mas também as cousas dos grandes espíritos, o que o grande espírito de Jesus pôde fazer e fez. Assim, em tal causa não dão já testemunho de Cristo e da palavra que do Pai recebeu e em seu nome aos homens ensinou. Grande prejuízo é, pois, agora o de João. Mas eis que volta o Messias para restabelecer as cousas como estava anunciado e eis também seus apóstolos trazendo-vos cada qual o que lhe foi ordenado.

Porém, ao aproximar-se João até vós para o restabelecimento da verdade, há de fazê-lo de maneira que, em sua essência e em sua forma, o verdadeiro esteja certamente com a pessoa desses tempos,4 não se afastando do que então foi. Hei de recordar portanto os passos dessa época que tão dilatada foi para o apóstolo João que, João o Velho deram em chamar-lhe.

Ensinado por mim foi, não deve duvidar-se, o Evangelho de São João, mas não na letra que o conheceis, apesar de ter sido bem o espírito do discípulo predileto quem o inspirou. Assim, portanto, verdade fala quem diz: João escreveu o Evangelho; e assim pois verdade também fala quem diz: João não escreveu o Evangelho. Quer isto dizer que o apostolado e o ensinamento são de João, mas a letra é e em parte não é. Depois da prisão que sofreu por ordem do Imperador Domiciano e do desterro em Éfeso com que o César o castigou, voltou outra vez a Éfeso quando da morte do mesmo Imperador e começou a preparar as cousas do Evangelho com diferente idéia da que no ano 70 de Jerusalém consigo resolveu. Não, em verdade, o espírito outra cousa fez senão engrandecer propôs-se a influência que pudesse ter sobre os gentios. Disse, pois, assim João: Aqui em Éfeso, em que a tanto a filosofia subiu, muito pouca cousa é a simples doutrina nazarena ensinada por Jesus aos também simples galileus, porém Jesus mais sábias doutrinas aqui houvera dado aos homens que aqui estão porque, sendo Jesus o maior, não há de haver doutrina mais
elevada que a dele. E eis, portanto, que entreguei-me ao que nesse tempo chamado era a inspiração do Espírito Santo, e assim, não o Espírito Santo, mas o espírito de meu ofuscamento fez-me escrever e mudar as ungidas palavras do Messias nas frias palavras daquele que suas fantasias quer estabelecer com o raciocínio.

A teologia estranha com nascimento na Ásia Menor nesses tempos e que em Éfeso maior crescimento teve, grande influência alcançou em meus ensinamentos, mas não tal como no Evangelho de meu nome se encontra, porquanto acréscimos e mudanças de importância há no que João ditara a seus discípulos, e no princípio do Evangelho, principalmente, nada é de João.

Os sublimes discursos do Messias procurava eu fazê-los de importância maior nos ensinamentos a meus discípulos de Éfeso e eles, assim dessa maneira vô-los transmitiram e é por isso que falta-lhes, de certa maneira e completamente, sua original sublimidade; saboreai no entanto o dizer de Mateus no Evangelho que de seu nome se escreveu em Betânia, por seus discípulos também, poucos anos antes que o meu. Tais discursos, a palavra e o espírito do Messias em si levam, mas os de João frio reflexo somente em si mostram.

Por escrever certamente as “Revelações” que primeiro existiram, foi que no ano 95 do Senhor, moveu perseguição aos cristãos o Imperador Domiciano e fez-me meter primeiramente em cadeias em Éfeso, onde vindo era João para ensinar “O Evangelho”, desde os dias da destruição de Jerusalém. Antes, já conhecido era, com Pedro, em Éfeso, e levado também havia as palavras do Messias; somente mais tarde lhe chegou a idéia de estabelecer-se no lugar, inteiramente, para os propósitos do Senhor. Estabeleceu João assim em Éfeso base para a Igreja do Oriente, entretanto o Imperador, não satisfeito com as cadeias de João, quis dar-lhe morte; mudada, porém por Deus sua idéia, bastou servir-lhe de desterro a ilha de Patmos. Foi, no entanto, nesse lugar que escreveu a “Revelação”, sendo já a outra metade de ano 95 do Senhor. Chegado o ano 96, livre viu-se João pela morte do César, indo ocupar seu apostolado em Éfeso, onde se ocupou em ditar “O Evangelho” assim como se ocupara antes em ensiná-lo a seus discípulos. Sopravam, porém, neles as idéias estranhas de novas doutrinas que em públicos ensinamentos muito valor a alcançar chegaram, e é por isso que, no brilhante, singelo e sublime das palavras do Senhor, as que já João diminuíra, confusão levantaram-lhes ainda os discípulos deste. Prova vos dá a melhor, disto, o capítulo I que nada tem de João.

Toda a verdade deve ser dita, somente o capítulo XXI, todo inteiro, completamente, é de João, sendo que ele mesmo, como já dito foi, chegou a tomar parte das tais idéias com intenção de pôr em maior destaque o que dito foi singelamente pelo Mestre. Chega portanto ao justo conhecimento das cousas: que João ditou “O Evangelho” a seus discípulos os quais porém somente o espírito guardaram. É assim, portanto, que em vossas mãos está a palavra do Messias com inteira certeza no que da doutrina é, se bem que nas palavras, diferença haveis de encontrar. Em Mateus pode-se dizer que a palavra e a doutrina do Salvador estão inteiramente. Em Marcos do mesmo modo estão, porém principalmente em Mateus. Do apóstolo Lucas não chegou a escrever-se o Evangelho. Outro Lucas, a quem Galiléia e Jerusalém não conheceram, na Ásia Menor, porém com empenho buscou as cousas pelos discípulos dos apóstolos ditas. Estava também em Damasco um discípulo direto do Senhor, chamado Ananias, que a Paulo para curar viera nos dias de sua consagração pelo espírito do Senhor, quando vinha Paulo de Jerusalém a caminho de Damasco. Ananias do mesmo modo consultado foi por Lucas, ou melhor Lucano, para o Evangelho que empenho em escrever ele teve e Policarpo também, discípulo de João, perguntado foi e assim vistos foram de iguais documentos e contudo escreveu Lucas um Evangelho bom, se bem que não procedesse de nenhum discípulo direto do Senhor. Os três outros, pode dizer-se, saíram: Mateus, no ano do Senhor 89; Marcos 91; e João 96. Pode dizer-se, quer dizer: que por esses anos Mateus e Marcos ocuparam-se em escrever guiados por Pedro; Mateus juntou notícias e discursos do mestre em língua aramaica; Marcos dedicou-se principalmente em escrever sentenças e anedotas do Senhor e fê-lo em língua hebréia. Os discípulos destes, porém, logo que pouco depois estes apóstolos morreram, maiores cousas acrescentaram aos mesmos ensinamentos daqueles. Sucede no entanto que tais terminados primeiro foram que o de João, o qual pouco depois se viu no ano 96 do Senhor. O de Lucas, porém, não é já do primeiro século, sim da metade do segundo, isto é, por cerca do ano 140 do Senhor.

A importância que do escrito, naquele momento, não se deu, foi em razão da proximidade dos tempos. Sendo que todas as cousas em renovação, caídas ver-se-iam. Que era de importar aos homens que fossem escritas? Aproximava-se o Reino de Deus, chegando já a erguer-se sobre a destruição do velho, passado e mau, levantando-se sobre toda a morte, toda a vida. Havia-se então de escrever para os mortos?

A anunciação, como escrito está na história, se não existiu certamente, sempre se disse que, em vozes misteriosas faladas ouviu-se do Messias vindouro a anunciação e em sonhos também, isto é, de Jesus, de quem não pode duvidar-se que tudo o que escrito estava encontrou seu cumprimento, também como o Batista o disse: “Este é aquele de quem disse: Depois de mim vem um varão o qual é antes de mim, porque era primeiro do que eu” e certamente, espírito maior que Jesus jamais veio entre os homens, que tinham de vir. Obrigado vê-se ele mesmo, no entanto, a demonstrações mais pequenas de si próprio do que em verdade comportava sua pessoa, sendo que os dons que vós chamais médiuns, mais que ninguém ele alcançou, o que junto com a inteligência, perspicácia e sua grande vontade, tinham-no mais alto colocado e com maior poder que nenhum outro homem. Se, portanto, milagres não pôde fazer, porque tampouco Deus pode, grandes cousas porém, por ele aos homens foram feitas para que os homens nele acreditassem, sinais são que do Pai recebera ministério. Nenhum nome mais odiado é e mais temido que o de Jesus, pelos espíritos do mal e nenhuma pessoa foi, é e será mais tenazmente perseguida pelos homens inimigos de todo o bem que a personalidade do Mártir do Gólgota. Prova é isto que ninguém há maior que Jesus entre os homens.

Depois do desaparecimento material do Mestre, somente em sua lembrança e amor ocuparam-se a princípio seus discípulos, por inteiro entregues às manifestações de sua ressurreição espiritual. Poucas vezes certamente deixou-se ver o Senhor de todos os seus discípulos reunidos, mas muito freqüentemente, entretanto, de dois ou três discípulos reunidos, principalmente de Pedro e de João. O que chamado é “a visão de Pedro”, um sonho dele foi somente. A pesca milagrosa, abundância recolheu somente seguindo conselho de um homem que viera falar a Pedro desde a costa, no qual mais tarde, com André, Tiago e João, acreditaram ter visto o próprio Mestre, que na ofuscação de seus espíritos, desconheceram. Os tais casos que da fantasia e fé ardente dos discípulos confusão foram fazendo com fatos verdadeiros, antes da morte e depois da morte do Messias, fizeram enredadas relações na lembrança depois dos discípulos dos apóstolos os quais destes receberam o Evangelho e completaram mais tarde com acréscimos de suas recordações. É certamente para notar que passam sempre sem atenção dos homens as cousas de maior importância, fixando-a no entanto nas menos importantes que principalmente vêm bater em suas vestes, das quais escrava dependência guardam ainda. Tanto mais alto alcançareis em perceber a verdade quanto a maior independência dos sentidos chegardes, quer dizer que o espírito chegará à dominação dos sentidos antes que estes sobre o espírito.

Não está portanto em vós o modo de apreciar os fatos de Jesus, alguns dos quais, João, espírito mais velho que vós, não chegou ainda a compreender e outros dois mil anos sendo passados, o abismam em seu entendimento por sua imensidade e cegam seus olhos a muita luz deles. Os homens no entanto somente as palavras vêem e mais que tudo trazem confusão a seu entendimento os chamados milagres, sendo que nem sequer ainda o conceito da fé e da oração é compreendido depois de quase dois mil anos. Unicamente as palavras e o raciocínio sobre tais conseguis alcançar, porém a essência delas não a percebeis. É-vos necessário portanto nascer de novo, renascer e tornar a nascer para compreender, para dar com a essência dos simples ensinamentos do Messias. De boa vontade nesses tempos veio o Senhor para dizer: “Se vos disse cousas terrenas e não as acreditastes, como acreditaríeis se vos falasse das celestiais?” Os discípulos, portanto, eles também jamais estiveram no inteiro entendimento das cousas por ele trazidas ao mundo. Significação fácil em aparência muitas vezes têm as cousas, enquanto que escondido guardam o espírito delas.

João, também da recordação dos ensinamentos do Senhor recebidos, é lhe dado agora vir deles em muito maior aproveitamento, sendo assim que: o que era desde o princípio do Pai era, porque todas as cousas são dele e dele vem toda a vida; dele, portanto, vida eterna8 para trazer-nos veio o Filho, porque a graça do Pai pelo Filho temos e é por isso que tudo o que no Messias era e todos os seus fatos e ensinamentos testemunho davam do alto ministério que de Deus recebeu, e assim também dele ouvimos: “Eu vim em nome de meu Pai e não me recebeis: Se outro vier em seu próprio nome, a ele recebereis.” “Mas eu tenho maior testemunho que o de João, porque as obras que o Pai ordenou-me que cumprisse, as quais eu executo, dão testemunho de mim, que o Pai me enviou”.

É assim agora, que, se naqueles tempos as fantasias e os milagres inventados por um discípulo deram notoriedade ao Mestre, eis  que obrigado se vê a vir novamente e dizendo assim, que o milagre nada tem com a doutrina e a doutrina nada tem com o milagre, sendo que este não existiu, enquanto que a doutrina do Pai vive em todo tempo.

No dizer do Senhor: “Eu milagres não fiz”, verdade diz, e ouvido é dos que não querem milagres; estes, porém, a verdade não compreenderam, porque entendem que o Senhor não fez as grandes cousas que vindo foi para cumprir.

Em verdade vos digo, porém, que a presença de Jesus somente bastava para impor sua pessoa; da fronte e dos olhos dele parecia sair luz: a palavra com doçura e com sentimento dita, ao coração chegava dos ouvintes e saía da sua pessoa num fluido tão suave, que a curar chegava muitas vezes os enfermos que dele se acercavam.

Bem tendes vindo vós agora em conhecimento do atraso dos homens que dão em negar, entre vós também, as grandes cousas que pela ciência da alma são feitas, porque não compreendem, isto quer dizer, porque lhes falta a fé, e falta-lhes a fé porque ainda à compreensão não chegaram. Falta-lhes o adiantamento para compreender as cousas do espírito e quando mortos são do corpo, mortos quase andam na vida espiritual, pois que não sabem e não compreendem. Esta é portanto a vida do espírito — a vida eterna — que pelo Filho do Pai temos, pois que a verdade e a unção no amor de Deus e dos homens e todas as cousas do espírito que pelo Senhor chegamos a conhecer e assim também o grande poder que por tais cousas o espírito alcança, dá-lhe capacidade para a vida inteira e completamente sem dependência do corpo e depois também que este morrer, a vida eterna portanto nossa é. Por tais cousas, veio João para dizer que a graça do Pai pelo Filho temos e do Pai pelo Filho vida eterna alcançaremos.

Vou contar agora o acontecido nos primeiros tempos da sociedade galiléia dos apóstolos e discípulos do Messias, os quais voltando a Galiléia durante poucos dias em obediência ao espírito ressuscitado dele próprio, vieram para abrigar em suas almas o repouso e a tranqüilidade que somente longe de Jerusalém podiam encontrar. Nessas terras, das mais ternas recordações, fizera-se ver o espírito do Senhor ressuscitado de uma maneira mais tranqüilizadora para nós, pelo que acontecido foi de seu martírio, e morte em Jerusalém, pois de tudo era mais dolorosa recordação, aí. Porém, grande exagero nisto também há, das aparições do Senhor no meio de todos os seus discípulos, pois que muito poucas vezes isto aconteceu, sendo que muitas vezes deixava-se ver de um ou de dois deles, e isto contado era depois a todos, isto é, falava-se entre todos, e um ou outro aumentava alguma cousa também chegando afinal a vós como cousas maravilhosas. Porém, freqüentemente ouvidas eram dos discípulos vozes de espíritos, que lhes ensinavam os caminhos do Senhor, como agora também a vós acontece. No meio dessas vozes, portanto, fácil vos é compreender que a do querido Mestre principalmente vir devia aos discípulos amados. Assim portanto, como dito foi por Pedro, a ressurreição do corpo não houve para o Messias e sim somente a do espírito, como a todos acontece. Assim, o dever de terem como que reflexão e decisão para o futuro fizera-os buscar o Mestre, no repouso das suas almas, na querida Galiléia, principalmente em Cafarnaum e mais ainda nas praias do mar de Tiberíades, às quais no oficio de pescadores outra vez viéramos e nisto também para maior semelhança com o passado, ganhamos na recordação do Senhor. Assim, portanto, passou-se o tempo da morada dos apóstolos na Galiléia, porém nem todos eles estavam nesse lugar juntos como nos dias do Senhor. Em Jerusalém, sim, todos juntos estavam depois, não separando-se mais até ao tempo da grande dispersão no ano 70 do Senhor.

Deu certamente o Messias princípio ao ensinamento da palavra de Deus, tendo 25 anos; antes, porém, já falava nos lugares públicos onde os hebreus pobres se juntavam para falar de seus males, os quais andavam em queixas sem fim justas, porém contra os ricos e os mandões que vinham, sem cessar, oprimindo e empobrecendo o povo, sim que também falava o Senhor dos justos de Deus e das cousas que dele vinham em sinais de confusão dos maus e galardão dos bons. Quer dizer portanto que o Messias 23 anos tinha nesse tempo, porém, em chegando aos 25 a predicação começou. A Jerusalém fora antes, mandando-o o pai primeiramente, indo com a mãe depois, sobrevindo a morte do pai. Em estudos ainda, já ensinando andava, pois que tendo apenas 15 anos os estudos em Jerusalém principiou, até aos 23 chegando.

Dos estudos vieram ao Senhor as cousas da vida, das que precisão tem todo espírito para seu trabalho na Terra, o qual porém de ordem superior para ela era entre os demais homens, pois que para estabelecer a verdadeira religião ao mundo viera. A certeza disto e a clareza vêem-se em lendo a própria vida de Jesus por ele ditada.

Jesus, portanto, conhecedor era e escritor da língua hebréia desses tempos, mestre também era no conhecimento das sagradas escrituras. Das poucas ciências que para estudo eram, dos ensinadores judeus, Jesus todo o conhecimento tinha e da aprendizagem para a cura de enfermos principalmente.

Pouco, em dar remédios, era dado e mais, o que agora chamais magnetismo, usava, isto é, as mais das vezes o que chamado é por vós imposição e aplicação e sopro, ou mais do que isso ainda, o que chamado é mentalismo; tudo isso, porém, vinha a ser a forma, obtendo assim na aparência humana as cousas ao grande espírito de Jesus devidas. Aos espíritos inferiores, e aos que em maior inferioridade estão no mundo, não é dado as cousas chegar dos espíritos puros, as quais só em palavras compreendem, não na essência. A razão do homem a dúvidas leva sempre enquanto que o espírito com elevação vê e sente as cousas da verdade como vós a luz do dia vedes. Assim, portanto, os próprios discípulos do Senhor eram levados mais por suas palavras que pelo espírito dos seus ensinamentos.

Não mais de oito dias moraram os apóstolos em Jerusalém, depois que a morte deram seus inimigos ao Senhor, quem para indicar-lhes para irem a Galiléia manifestação de si deu a Pedro e João, e nessas terras melhor prepararam o seu futuro ministério e ele também para melhor facilidade manifestou-lhes ali sua presença e sua palavra. Assim, foi dito já como apresentando-se o Senhor entre seus discípulos muitas vezes, principalmente a Pedro e a João, ampliando-lhes também os seus conselhos e ensinamentos, mas não como foi escrito, mas sim tal como vós sabeis que acontece entre vós também. Sucedeu portanto que nos primeiros dias do mês de abril do ano 33, caminho tomaram da Galiléia a maior parte dos discípulos, quer dizer, Pedro, André, Tiago e João filhos de Zebedeu, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Natanael, Filipe e os dois irmãos do Senhor, que andavam com eles, isto é, Tiago e o outro. Estes filhos eram de José, que em casamento tomou a Maria, e era ele viúvo e tinha filhos. De Maria não eram portanto estes, os quais, porém, em ajudar os apóstolos mais dados eram que os outros. As mulheres galiléias que atrás do Messias vieram na última viagem a Jerusalém, todas a caminho de Galiléia com os apóstolos, foram. Estes, porém, para Pentecostes voltaram, saindo para o grande acontecimento do dia, e quando chegaram a Jerusalém, orando todos juntos os apóstolos com grande unção, Pedro e João viram luz sobre a cabeça de todos, devido a estar o aposento bastante escuro, com porta e janela fechadas. Os outros também ver disseram, atribuindo-se o fato, com grande entusiasmo, à presença do espírito do Senhor, quer dizer, emanação do Senhor, ou outra cousa assim, sendo que em muita confusão estavam ainda os conhecimentos dos apóstolos.

Falou-se depois das línguas de fogo de Pentecostes como sendo obra do Espírito Santo. Porém, nenhum milagre aquilo foi porquanto de todo homem luz sai, ainda que em muita pequenez e facilmente um médium poderá vê-la em todo aquele que, entre a sombra encerrado como os apóstolos, em unção ora. Pecado porém está nisto também de João, quem exagero aqui como em tudo trouxe. Porém, não em dúvidas deve tomar-se a presença do Senhor no fluido de tais luzes, as quais, e a oração com elas se elevam em união com a elevada influência do Mestre, quem, a seu lado, por cada um era sentido.

Se antes, já a visão e a voz do espírito do Messias ressuscitado havia restituído o valor aos discípulos, no tal dia de Pentecostes cheios saíram de felicidade, certos dos grandes auxílios do Senhor, vindo-lhes grande vontade de levar a todas as partes a verdadeira doutrina.

Com maior valor, portanto, entregaram-se aos trabalhos começados já, com inteligência e resolução. Sendo, porém, de muito perigo ainda andar falando de Jesus justiçado, entre os mesmos que pelo ódio a tal chegaram, dando-se abominável fim, o próprio Senhor falou em visão a Pedro, mandando-o voltar a Galiléia, e que daí viesse quando outra ordem recebesse. Esta, portanto, já antes do dia de Pentecostes teve-a Pedro em sonhos, não em visão verdadeira, tal como no Evangelho de João está dito: “Simão Pedro, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta minhas ovelhas. Tornou a dizer-lhe: Simão Pedro, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão Pedro, amas-me? Pedro ficou triste por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? e disse-lhe: Senhor, tu sabes todas as cousas, tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas”.

Outras cousas disse-lhe também o Senhor; destas, porém, chegou-se a entender que, a vontade da nova marcha dos discípulos para Jerusalém, era do Senhor. Na seguinte noite do tal sonho, Filipe teve um também do mesmo modo, que vira-se, ele mesmo em marcha com o Mestre e os outros, caminhando para as festas de Pentecostes, do que ordem precisa do Senhor se teve, juntando-se os apóstolos com a gente que já em caravana caminho tomava da grande cidade. Das mulheres, porém, somente Maria, a mãe do Senhor, caminho tomou de Jerusalém com os dois filhos que estavam com os apóstolos e com João.

Sucedidas as cousas, como ficou dito, de Pentecostes, com maior valor se dedicaram aos ensinamentos das palavras do Senhor e do reino de Deus próximo. Todos os dias davam-se eles ao ministério da palavra debaixo do grande pórtico de Salomão, no templo; o mesmo lugar ocupado com eles pelo Messias. Não chamaram muito a atenção dos sacerdotes nesse lugar, porém crescendo o número dos que recebiam a palavra e eram batizados em nome de Jesus Cristo, começaram por querer fazer mal aos apóstolos, até encarcerar a Pedro e a João.

Pilatos, porém, grande severidade fez sentir nisto aos judeus, impedindo com forças as cousas que em prejuízo dos cristãos queriam os sacerdotes. Já Pilatos tudo de seu poder fizera por querer livrar da morte a Jesus e aos discípulos dele, e vendo neles homens bons e de humildade em suas cousas, parecia-lhe dever defendê-los perante a injustificada dureza dos judeus. Estes, porém, com muito trabalho e mentiras, recorreram de Pilatos ao Imperador que teve de ir a caminho de Roma para responder às queixas de seus governados. Isto sucedeu no princípio do ano 36, sendo que reunidos estavam em vida comum com os apóstolos um grande número de crentes, chegando-se a ter que escolher alguns de maior unção no meio destes para que das comidas cuidassem e de todas as cousas em comum, enquanto que os apóstolos somente do ministério da palavra cuidavam.

Estes diáconos, assim foram chamados, eram cinco. Todos grandes na fé e na vontade.

Estêvão e Filipe, porém, tiveram maior nome entre os tais, não somente pelo trabalho na diligência das comidas e demais cousas em comum, mas também nos ensinamentos do reino de Deus e do Cristo Redentor eram de muita ação em discursos e em discussões. Em grande ódio por isso caíram eles entre os judeus, os quais já na prisão haviam metido a Pedro e a João, tendo que soltá-los devido às ordens por Pilatos dadas por não querer castigos para cousas religiosas.

Em maior ódio dos judeus caíam por isto os cristãos, principalmente os chamados helenistas, por quem os gentios eram convertidos nas doutrinas do Senhor. Assim, portanto, tão depressa no fim do ano 36 afastara-se Pilatos de Jerusalém a caminho de Roma, prenderam a Estêvão e deram-lhe morte por apedrejamento e entregaram-se também a grande perseguição aos cristãos, principalmente aos helenistas convertidos.

Dispersão houve assim, portanto, dos cristãos por toda a Judéia e Samaria e mais longe ainda, levando, porém, a boa nova a todos os lugares; Filipe principalmente, não o apóstolo que ficou com os outros em Jerusalém e com os hebreus cristãos, mas sim Filipe o diácono. Dissolvida ficou assim a comunidade cristã que princípio teve na metade do ano 33; não chegou pois a completar quatro anos.

Para tão grande perseguição, grande prudência usaram os apóstolos e discípulos de Jesus e os outros irmãos que no lugar permaneceram e silenciosa, portanto, ficou a igreja de Jerusalém. Nesses dias, porém, que era no princípio do ano 37, aproximou-se dos cristãos um jovem chamado Saul, o qual grande inimigo havia-se manifestado antes contra eles, tocado, porém, pela graça dedicou-se com grande fervor ao ministério da palavra pelo reino de Deus, trazido pelo Filho para salvação dos homens. Este Jesus era o Messias prometido, o Cristo que martírio e morte sofreu para remissão dos pecados.

A caminho de Damasco, Saul, chamado depois Paulo, teve visão do Senhor, em forma de luz, que lhe disse: “Saul, por que me persegues?”

Nisto caiu por terra e, enfermo, levantaram-no levando-o à presença do discípulo de Jesus, Ananias, que o curou, pois que Jesus já no ano 29 a Damasco também fora e muitos discípulos fez. Em Damasco já apresentou-se a falar por todas as partes em nome de Jesus e pelo ministério que dele recebeu, como ele costumava dizer.

Grande confusão e ódios entre os hebreus de Damasco suscitou, os quais a morte dar-lhe quiseram. Fugiu, porém, Paulo a caminho de Jerusalém e quis juntar-se aos apóstolos, os quais, porém, o temiam.

Barnabé, no entanto, ouvindo as cousas a Paulo sucedidas,  levou-o aos apóstolos e embora desconfiados a princípio paz tiveram e em amor entraram. Tais cousas, porém, ele por si mesmo melhor as disse. Assim, mais ou menos como quinze dias, passou em vida em comum com os apóstolos e com Tiago, o irmão do Senhor.

Partiu depois, no cumprimento de seu ministério, que grande em verdade foi, a ponto de dar-se-lhe depois o nome de: “O Apóstolo dos gentios”.

Não creio, porém, como Pedro diz, que por Paulo salvou-se o cristianismo, pois que o cristianismo no Evangelho estava, e este dos apóstolos galileus saiu. Também mesmo muitos eram já os nazarenos, cristãos depois chamados, como ele mesmo em Damasco os encontrou.

Diz-me, porém Pedro agora, que do espírito do cristianismo que conheceis, quis ele dizer que Paulo foi o maior, pois que o espírito do cristianismo apostólico era mais judeu que cristão, pois que seguia as práticas todas do judaísmo, até o sábado e a circuncisão, as orações no templo de Salomão e as outras cousas.

Justo é o dito assim por Pedro, João reconheceu-o.

Paulo, porém, muito estimado por nós, entre vós está agora e muitos o têm reconhecido, mas ele, que o sabe, nega. Embora sendo homem, como espírito costuma manifestar-se longe de si, em certas ocasiões. Se assinou Paulo comunicação, não pode vir como homem e dizer: eu Paulo sou. Muitas outras coisas decerto Paulo têm sido e ele recorda-se sempre, porém, uns mais alto, outros mais baixo, unidos todos estamos às ordens de nosso Mestre Jesus. O Senhor, porém, nada escrito deixou, sempre dizendo: “A palavra falada muito mais vale que a palavra escrita, sentida ainda mais vale que palavra ouvida”, por isso foi, no entanto, que pouquíssimos discípulos reuniram depois os escritos que iguais fossem aos dos discípulos que a palavra do próprio Jesus ouviram e o sentimento dela, dele sentiram.

O trabalho de Jesus na vinha do Senhor, como nos outros tempos, continua, manifestando-se com maiores aclarações por intermédio de seus discípulos que, em turnos, cada um toma corpo para nascimento entre vós. Eles também, porém, esquecimento têm do passado, sendo que seu cérebro tão-somente a fotografia guarda das cousas pelos olhos vistas e pelos ouvidos escutadas, e isto é a memória do homem desde o nascimento. Nos sonhos, porém, e nos êxtases e outras maneiras de alcançar maior liberdade para o espírito, nasce memória das outras vidas em outros nascimentos do homem. Também é de considerar que nos poucos anos das crianças e mancebos principalmente, escravo é o espírito do cérebro de seu corpo; em mais largos anos do corpo, maior trabalho no seu cérebro fez o espírito e maior domínio alcançou nele, a menor dependência chega assim o espírito de seu cérebro e vêm, em certas ocasiões, à memória, as cousas de outras vidas. Isto, porém, acontece aos espíritos de longa existência, não aos novos. Muitos há, porém, entre vós que memória guardam das cousas de seus outros nascimentos. Vós também, no que é costume chamar fantasia, recordações tendes em verdade do passado, memória é, sem guia de consciência, portanto desordenada.

João, porém, que para estas cousas dizer, tomou a personalidade do apóstolo, isto é, a pessoa do discípulo de Jesus, dificuldade tem, portanto, devido ao seu adiantamento, de agora, com clareza, das cousas daquele tempo ensinamentos vos dar. As maneiras de falar naqueles tempos, de tal modo misturadas de dialetos e idiomas, estranhamente apresentam os pensamentos dele. A sujeição, portanto, a isto impôs-se para maior verdade das cousas que desses tempos veio recordar. Para as cousas portanto desses tempos a palavra desses tempos necessária é.

Sem fim o progresso é; porém somente no bem está o progresso. Tudo bom é conhecer e em todo o trabalho adiantamento para si recolherá o espírito, sempre, porém, com o propósito do bem há de ser.

Aquele que chegar a edificar sobre o amor para todas as suas cousas, o reino de Deus terá alcançado. Tal é o que João deseja para vós e diz: Não vos aflijam as penas da vida, pois que o vencer dificuldades com paciência, fé e vigor, do adiantamento do espírito vem em proveito. Para isto, amigos tendes a vosso lado que vos ajudam e Deus próprio, com os de boa vontade está sempre. Assim também não vos olvideis que tudo aquilo que para o bem de vossos irmãos por vós seja conseguido, em proveito de vós mesmos tudo virá depois.

E preciso acrescentar às cousas que já João disse que do acontecido, tão diferente do por vós acreditado, João somente tem aqui palavras; fê-lo, porém, nas cousas de maior importância acontecidas, se portanto, dito foi por João que em Jerusalém os apóstolos permaneceram até à dispersão de 70, não quer dizer que todos os apóstolos até esse tempo em Jerusalém permaneceram. Vem-nos assim à lembrança que já no ano 37, Pedro e João foram a Samaria, Jope, Lida, Cesaréia e outras cidades não muito distantes, indo aí no apostolado da palavra e a outras cousas que eram do santo ministério deles. Pedro, já dito foi por João, que discípulo foi melhor entendedor do espírito das palavras do Senhor. João seguiu-o durante muito tempo, até por Antioquia depois, por onde Paulo e Barnabé, pelos anos 44 e 45 a intenso apostolado já se haviam dedicado, chegando a muito progresso essa igreja e fazendo-se, em muita abundância, o que chamado é por vós fenômenos medianímicos, destes em mais ocasiões: inspiração, visões, palavras ouvidas, sonhos, profecias, liberação dos espíritos imundos e curas com imposição das mãos e oração e com o que é costume dizer agora por vós: água magnetizada e azeite magnetizado.

Assim também devo dizer que nesse mesmo ano 44, antes do fim de fevereiro, veio Herodes Agripa para fazer cortar a cabeça de Tiago, irmão de João, e grande perseguição veio durante este tempo sobre os nazarenos, e a Pedro também o quis matar, encarcerando-o primeiro e levando-o depois em público para escarmento, por ser Pedro cabeça do que chamavam eles: nova seita. Amigos seus, porém, com grande influência, dirigiram-se a Herodes Agripa e este concedeu-lhes secreta liberdade, pois não era de seu interesse a morte do apóstolo, sim antes o propósito de ganhar para si a boa vontade do povo hebreu.

Sempre, portanto, que Pedro afastado se encontrasse de Jerusalém, Tiago, o irmão do Senhor, que a grande autoridade havia chegado, vinha ocupar o lugar primeiro entre os apóstolos. Estava certamente no espírito da fé do apóstolo Tiago mais dependência da lei antiga que cristã unção em sua alma, e principalmente dado às cousas do Judaísmo, grande oposição fazia muitas vezes a Pedro em tais cousas; adepto era da circuncisão, nada amigo do ministério da palavra entre os gentios e opositor também, em certas ocasiões, das tais cousas de Paulo. De todo, ficou enfim Tiago chefe dos anciões, enquanto que a igreja de Jerusalém vinha em decadência e a grande desenvolvimento chegava a de Antioquia, onde se começou a chamar cristãos aos adeptos, que chamados eram nazarenos em Jerusalém. De Antioquia, depois no ano 38, Paulo, Barnabé chamado também Barnabás, e João Marcos discípulo de Pedro que de Jerusalém a Barnabé acompanhara, caminho tomaram para terras dos pagãos, entregando-se com grande entusiasmo e todo o poder da fé, ao apostolado de Cristo; de Chipre, Malta, Puzzola e outras terras, até Roma e cidades vizinhas, Paulo principalmente, e por fim só, ao mais importante trabalho do ministério divino da palavra e demais cousas que em nome do Senhor dirigia, viu-se entregue, sendo dele a conquista espiritual das terras visitadas, sendo portanto dele a semente e o fundamento da igreja do Ocidente. Isto, para dizer, portanto, João veio, não por intenção da história que bastante é de vós já conhecida, mas sim para esclarecimento do que ele antes neste mesmo lugar disse, sendo que os tempos que ele para mostrar veio, pelo mau conhecimento vosso fez, para que portanto, os anos citados por desconhecidos não sejam tomados.

É por isso que, das cousas mais distantes e em maior dúvida, vosso João falar-vos veio e para conclusão agora este aclaramento último acrescentar.

Se Paulo portanto grande foi nisto e grande foi desde seu princípio na doutrina, ainda mais cristã no espírito das idéias dele que as doutrinas dos nazarenos, os quais, os anciões e os chamados hebreus, assim chamados ainda eram em Jerusalém, e certamente mais judeus que cristãos mostravam-se ainda. Se Paulo, porém, grande foi, não em menor grandeza há de ter-se a Barnabé que o compreendeu no primeiro momento, quando, aproximando-se dos apóstolos em Jerusalém, estes o temeram e tão somente aquele o apresentou recomendando-o aos próprios anciões. Por tal motivo viu-se confirmado o ministério de Paulo que, portanto, de Barnabé toda força teve, pela justificação de seu apostolado nas cousas que do próprio Jesus recebeu e assim também, mais tarde, fé e força toda dele recebeu durante o tempo que Paulo, por causa da contradição dos que ainda eram partidários da circuncisão e conduzidos eram pelo espírito em  hebreu, pelo qual arrastado se viu o próprio bom Pedro, em silêncio resolveu permanecer, por ter compreendido que se a lutar por suas idéias se decidisse, divisão e ruína adviriam para a Igreja de Cristo, porquanto faltava-lhe humildade no submeter-se aos apóstolos. Barnabé, porém, fez-se pequeno e humilde para o engrandecimento da obra do Senhor, aproximando-se a Paulo, que retirou-se para sua cidade de Tarso11 e o apóstolo, certamente para maior grandeza de seu apostolado, humilhou-se a Paulo não apóstolo e subordinado a ele colocou-se, alcançando assim conquista do espírito ressentido de Paulo, de quem a fé em seu apostolado estremecida quase pareceu.

Muito poucas cousas Barnabé e João Marcos escreveram e a perderem-se essas poucas cousas chegaram, ou em parte misturadas estão sem distinção com as cousas por outros escritas. Sucede, porém, como já dito foi, que maior valor à tradição tem-se dado do que àquilo que a escrever-se chegou, e para repetir também João veio, que para maior aproveitamento da palavra ouvida o homem veio, que da palavra somente compreendida, sendo portanto que “só pelo amor será salvo o homem”.

A paz do Senhor seja convosco.

JOÃO O VELHO
Apóstolo de Jesus Cristo.

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