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por Nova Ordem de Jesus. 24/02/2016 - 27 min leitura
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Fala João, o Batista
Venho a chamado de meu glorioso irmão.
Com o corpo fatigado e a alma entristecida, Jesus precisava de descanso e consolo. Tinha ouvido falar da minha pessoa e desejou ver-me.
Perguntai, irmãos, pelo comedimento grave e docemente familiar de Jesus; Perguntai a Jesus pela força de vontade apaixonada de João. Ambos vos responderemos, que a natureza dos fatos de nossa existência terrestre, guardava o cunho de nossa natureza espiritual. Em Jesus era o reflexo da misericórdia divina e em João era a necessidade de castigar a matéria. A figura de Jesus assumia às vezes a inquietação aflitiva das dores humanas; todos os juízos de João, em compensação, fundamentavam a razão de sua existência na maldade e incapacidade dos homens.
O semblante de Jesus iluminava-se com a grave, porém expansiva alegria de pai e de pastor, no semblante de João não descobrireis mais do que o negro, grande e inalterável pensamento da degradação humana e das vergonhas dos conquistadores. Todas as ternuras se vêem manifestadas em Jesus e sua pureza lhe forma um quadro de poesia divina. João apartava-se com alegria dos homens e sua piedade estava mesclada de ira e desprezo.
Bendizei a Deus, irmãos meus, pelas revelações de Jesus, e quanto a João, que acrescenta a estas revelações o concurso de sua palavra, ficai convencidos da ascendência de Jesus sobre ele, porém, não do desejo de João vir até vós.
Jesus sofria desde que havia deixado a seus bons pagãos, como ele os chamava, e a lembrança dos momentos felizes que tinha passado ao lado deles o entristecia. Mas Jesus era o puro espírito da pátria celeste e os apaixonados movimentos de ternura não tinham que lutar em sua alma com o rígido sentimento de um dever rigoroso.
A missão do apóstolo se mostrava, mais do que em outra coisa, no esforço supremo que o arrancava das fáceis alegrias para lançá-lo nos braços de penosas apreensões, de provas humilhantes, de poderosos inimigos, da morte, que ele buscava como o santuário de seu pensamento fraternal e seu amor divino.
Jesus sabia que depois de sua morte ele pairaria sobre o mundo humano, e media com a paciente emulação de sua alma essa separação com a convicção de que um dia, mediante progressivas luzes, se chegaria à reunião eterna.
Jesus queria todos os horrores da morte para lançar sobre
sua vida de virtudes, esse facho derradeiro que se chama martírio, e apresentar-se diante de Deus com os estigmas do sacrifício.
Passemos a relatar a visita que Jesus fez a João na cidade de Betabara. Observemos a figura carnal dos dois apóstolos e fixemo-nos na delicada harmonia de seus espíritos com seus invólucros mortais. Desçamos ao nível dos escritores humanos, para satisfazer vossa curiosidade, e revelemo-nos com um paciente esforço de memória a respeito de coisas perdidas entre séculos de trabalhos espirituais constantes e de sublimes visões. Chamemos nossos pensamentos para a Terra e iluminemos com de-talhes corporais o caminho da alma para as eternas alegrias.
Apresentemos neste livro o retrato da forma aparente do Espírito, e purifiquemos nosso pensamento com humildade e rapidez.
Jesus era alto de estatura, rosto pálido, olhos negros, cabelos castanhos e a barba, que usava comprida, era quase vermelha.
A forma da cabeça era larga e enérgica, a fronte desenvolvida e com pouco cabelo, o nariz reto, os lábios sorridentes e o seu modo de caminhar denotava a nobreza. A pobreza de suas vestes não era suficiente para esconder a riqueza dessa natureza resplandecente de elevação, não obstante a origem humilde de sua família e a modéstia de seu caráter. A palavra atraía e inspirava afeto à pessoa deste filho de carpinteiro, que amava as crianças e que apontava os pobres como os primeiros no reino de Deus. A perversidade estacava diante de seu olhar e numerosos pecadores vinham implorar penitência e compaixão aos pés deste divino dispensador de graças e absolvições.
Houve mulheres atraídas pelo prestígio de sua beleza física e de sua eloqüência, mas elas se ruborizavam diante da pureza de seu espírito e o amor carnal se fundiu com o sentimento de exaltação religiosa. Tu só, ó Maria, introduziste uma sombra nesse coração adorável e do alto da cruz Jesus te dirigiu um olhar de censura e de carinho. Essa cruz era ao mesmo tempo a tua condenação e uma promessa de proteção para o porvir; dela tu guardas a tristeza na alma e uma promessa no espírito; dessa cruz tu guardas uma imagem dolorosa e uma luminosa auréola e a justiça de tua culpa terá sido o deslumbramento de tua alma dentro de um corpo emurchecido.1 Jesus era o apoio dos fracos, a doçura dos aflitos, o refúgio dos culpados e o mestre de elevados ensinamentos para todos os homens. Alegrias inefáveis produzia sua palavra penetrante nos corações de todos os que o escutavam, assim como sua clarividente familiaridade. Preciosas honras estavam ligadas à sua amizade e as almas simples de seus apóstolos, como as mais bem temperadas entre os seus defensores de Jerusalém, jamais encontraram felicidade mais completa, tranqüilidade mais profunda, que durante suas conversações e depois de suas expansões de alegria e de alento.
A pátria e a família de Jesus se encontravam em todas as partes.
“Os homens são meus irmãos, dizia, e todos os meus irmãos têm direito a meu amor.
“Onde estão as leis e os costumes da família de meu país, da pátria de meus progenitores?
“No livro eterno.
“E eu vos digo: O que não trate os homens como irmãos, não será recebido na casa de meu Pai.
“O que diga: Esse homem não é da minha pátria, não entrará na casa de meu Pai.
“O que faça duas partes: uma para sua família e a outra para si, não gozará dos dons e dos favores do Pai.
“O que não combata a adversa fortuna em nome da família universal, apegando-se tão-somente aos bens de seu pai e de sua mãe, não verá a alegria da casa paterna e não encontrará outra coisa a não ser o abandono e o isolamento depois da morte. Abandonai, pois, a vosso pai, a vossa mãe, a vossos irmãos e a vossas irmãs antes que condescender no olvido da lei de Deus. Esta lei exige o comovedor sacrifício do forte em favor do fraco e da família espalhada por toda a Terra.
“Eis os membros de minha família, eis os filhos de meus irmãos, dizia ele apontando os homens e as crianças que o rodeavam.
“Irmãos meus, amigos meus, filhos meus, fazei vossos preparativos de viagem e marchai para a pátria do Pai Celeste. Os pobres serão recebidos em primeiro lugar e os ricos, que tenham abandonado tudo para seguir-me, tomarão parte na alegria geral.
“Irmãos meus, amigos meus, filhos meus, segui-me e mantende-vos firmes na humildade e na pobreza.”
João era de cor morena, cabelos negros e estatura menor que a mediana. Tinha olhos vermelhos, sombreados de espessas sobrancelhas, o que, unido à sua palidez, davam uma expressão de dureza à sua pessoa. Mas a sonoridade de sua voz e a expressão de seus gestos faziam desaparecer pouco a pouco a primeira impressão desagradável para dar lugar ao atento interesse de seus ouvintes e arrastar ao entusiasmo as massas.
Jesus falou-vos já da palavra de João, e parece-me inútil fazer-vos notar o erro do apelido de batizador que me deram depois.
Minha habitação foi honrada com a visita da afável figura do Messias um ano antes de meu suplício. A misericórdia divina quis apresentar-me o modelo de abnegação, para dar à minha abnegação mais ternura na caridade e maior brandura na expressão. Eu me senti penetrado da misericórdia divina quando vi o filho do carpinteiro de Nazareth (assim ele se anunciou), o qual tomou lugar entre os meus discípulos.
A luz da graça divina iluminava sua fronte e seus lábios sorriram quando me manifestou seu desejo de falar-me em particular.
“A justiça de Deus, disse-me, será honrada em seus decretos quando os homens forem capazes de compreendê-la.
“A fé será o apoio dos homens quando se liberte de suas atuais trevas e se manifeste plena de promessas.
“O poder de Deus imporá a adoração quando ela seja explicada claramente.
“Para fazer apreciar a justiça de Deus é necessário estabelecê-la sobre o amor, e o amor justificará o castigo. Rechacemos o tenebroso labirinto dos dogmas e façamos resplandecer o perfeito amor ao Criador. A justiça é o amor e o amor é a perfeição divina. A eternidade do amor torna impossível a eternidade dos sofrimentos. Sem justiça, onde estaria o amor? E sem amor, onde estaria o Pai?
“Preguemos, pois, o amor, João, e honremos a justiça atribuindo-lhe a ressurreição do espírito até sua completa purificação.
“Apressemos-nos em provar a transmissão do espírito, indicando os males que afligem o corpo, e separemos o espírito do corpo, demonstrando com descrições magníficas as honras de dito espírito.
“Expliquemos a penetrante intervenção do poder divino com a tranquila confirmação da fé, e, quer este poder se manisfeste ostensivamente quer se abstenha de manifestações fortuitas, rodeemos-lo de nossa admiração e de nossas esperanças.
“A desmoralização dos homens depende de sua natural inferioridade.
“Para as chagas do corpo, devemos procurar o bálsamo refrigerante e tanto mais devemos procurar escondê-las dos olhares alheios, quanto mais asquerosas elas sejam.
“Para as chagas da alma dispensemos iguais cuidados aos distribuídos às chagas do corpo e purifiquemos o ar empestado, com palavras de misericórdia e esperanças animosas.
“Descubramos as chagas a sós com o enfermo e sondemos a ferida para curá-la; porém a multidão deve ignorar as mazelas alheias, e só encontre em tuas palavras, João, expansão de tua virtude e de tua fé.
“Que o favor de Deus se demonstre em ti com imagens delicadas e floridas e que a elevação de teus pensamentos não seja ofuscada pela aspereza de tuas demonstrações.
“Eis os conselhos de Jesus de Nazareth.
“Jesus precisa do apoio de João para que o honrem e o sigam e vem como um solicitante da parte de Deus.”
Eu escutava-o enquanto ele me prendia a mão em sinal de aliança. Apertei essa mão e disse:
“Tu és o que há de vir, ou esperamos por outro?
“Tuas palavras se gravam em mim e a bondade se encontra em teu olhar”.
Jesus levantou para o céu seus olhos úmidos e carinhosos e em seguida disse-me:
“A paz que vem de Deus se estabeleça entre nós.
“A luz pura nos mostre a vida eterna como prêmio de nossos trabalhos.
“A justiça divina nos preservará do temor dos homens e o alto poder nos elevará a alegrias perfeitas.
“Livremos a Terra de seus obstáculos, libertemos as almas de seus terrores e deixemos de lado os despojos mortais, glorificando a Deus”.
João compreendeu. A justiça de Deus libertou-o mais do que nunca do temor dos homens. No ano que se seguiu a esta grande manifestação divina João morreu, fortalecido pela graça que o tirava de um mundo corrompido. Demonstrou no suplício a majestade da calma e o ardor da fé. Foi o mártir de sua fé, ao acusar os príncipes da Terra, por seus escandalosos exemplos e os governadores da província que habitava, por seus evidentes delitos.
Irmãos meus, acabo de cumprir para convosco uma nova missão, e retiro-me deste lugar, deixando o posto ao divino visitador, que deseja terminar, ele mesmo, a referência de nossas relações.
Adeus, irmãos meus, e que a graça vos seja proveitosa.
***
A pureza de João, irmãos meus, é filha de sua vida humana e a santidade de seu espírito aumentou muito depois de sua estada na terra.
A primeira condição do apóstolo é a firmeza. João levou-a tão longe quanto lhe permitiu a natureza humana. A morte de mártir elevou-o diante de Deus e a abundância de suas obras coloca-o na vanguarda dos que se hospedaram entre vós. A terna afeição que o apóstolo demonstrou por mim, desde o princípio, aumentou cada vez mais e a surpresa das pessoas que conviviam com ele se converteu em respeito.
O calor penetrante de minha alma fundiu o gelo que impedia a alma de João de participar das dores humanas, desligando estas dores do princípio de justiça para fazê-las resplandecer do dom misterioso do homem para com o homem,honrando a condição de irmão e convidando todos os homens para o aperfeiçoamento do espírito; dando a todos os espíritos a mesma origem de aliança com Deus e a mesma recompensa no porvir, atraindo para o coração do apóstolo, fanático pela virtude, a ampla expansão da piedade fraterna e do amor humano, pelo desejo do amor divino.
Deixei João recebendo sua promessa de purificar seus pensamentos relativos à fraternidade dos homens; prometi que voltaria a vê-lo e me dirigi para Jerusalém.
Eu contava já em Jerusalém com um partido poderoso e devotado, devido mais aos trabalhos de José de Arimatéia do que aos meus méritos pessoais, Minha personalidade ficava resguardada com a desse homem influente, colocado aí, pode dizer-se, para fazer a metade do caminho que me haviam traçado.
José, que via em mim um simples reformador da moral, muito se assustou quando lhe expus meus projetos de reforma religiosa.
Algo pessimista e clarividente, ele empregou todos os meios possíveis para que eu renunciasse à mesquinha luta, como dizia, da argila contra o cobre, de uma criança contra uma legião de gigantes. José teve nesses momentos de apreensão a visão de minha paixão e de minha morte e do procedimento desse povo que naqueles momentos era favorável às minhas idéias de melhoramento, porém, cuja estúpida ignorância me definiu assim como sua volubilidade, fundamentada em suas inconstantes impressões e na rusticidade de seus instintos. Pintou-me com caracteres de fogo o ódio dos sacerdotes, a defecção das pessoas em quem eu confiava e a ira dos hipócritas desmascarados. Colocou na balança, com elevado critério, a vergonha de uma derrota e a tranqüila esperança no porvir. Definiu, em meio do transporte de seu coração, tanto os tormentos que me esperavam e os ciúmes ferozes de meus adversários, quanto a paz de uma existência, decorrida entre a amizade e a virtude. Fez brilhar diante de meus olhos a terna e deliciosa harmonia dos gozos da alma e colocou-os em frente à fadiga e ao desengano de uma tentativa humanamente privada de toda probabilidade de êxito e cheia de perigos, sem utilidade e sem glória.
As abundantes razões e a lógica decidida de meu amigo caíram por terra diante de minha resolução inabalável.
Ai de mim! — Eu começava a afastar-me da brandura, e a aspereza de meu desígnio dava às minhas palavras a dura expressão da impaciência e da altivez.
José juntou a piedade à aflição e o modo com que suportou meu mau humor deixou-me livre de todo reparo.
Comuniquei-lhe minhas aspirações, meus propósitos, os presságios de minha missão, os imensos desejos de meu espírito, e as tolas fantasias da morte, que perturbavam meus sonos, e lhe descrevi minhas expectativas com relação à posteridade à qual fazia falta um iniciador que a deslumbrasse. Eu encontrava a defesa da Humanidade na abjeção em que a tinham submergido os orgulhosos fanáticos. Levantei-me para condenar a lei que me condenava a mim mesmo; mas esta lei pereceria para sempre, ao passo que eu percorreria mundos, daria facilidades ao progresso, descobriria amplos horizontes e voltaria a viver no curso dos séculos. Queria a liberdade do espírito; entregava meu corpo no
meio das maléficas estreitezas da atmosfera terrestre, cingindo a fronte com a coroa do martírio, porém teria antes conquistado a dupla glória de legislador e de apóstolo.
A lei de Moisés dizia: Que os reis são designados por Deus para governar os homens.
Eu sustentarei que a igualdade dos homens foi ordenada
por Deus e que o mando supremo pertence somente à virtude.
A lei de Moisés dizia: Que os filhos pertencem aos pais, e que a esposa é a escrava do esposo.
Eu direi: Que o espírito pertence a Deus, e que o filho deve abandonar o pai e a mãe antes que infringir os mandamentos de Deus.
Eu direi que a esposa é igual ao esposo e que não existem escravos na família de Deus.
A lei de Moisés dizia: Que os sacrifícios de sangue são agradáveis a Deus.
Eu direi: Expulsai do templo o que mancha e oferecei a Deus o coração de seus filhos. Caminhai pelo meio das flores do prado, jamais entre o massacre e as chamas. Oferecei a Deus a homenagem de vossas penas, de vossas dores, para ser-lhe agradável; mas não mateis o que foi por ele criado e não profaneis com sacrifícios horríveis o altar do Deus de paz e de amor.
A lei de Moisés dizia: Não tomes a teu irmão nem sua mulher, nem seu boi, nem seu jumento nem coisa alguma do que lhe pertence.
Eu direi: Reparti a metade, com vossos irmãos, dos bens do Senhor. Quem não fizer sacrifício de si mesmo a favor de seu irmão não entrará no reino de Deus. O roubo e o adultério são odiosos porque ultrajam a justiça e a caridade. Não manifesteis pois vossas inclinações, vossos desejos ilícitos; arrependei-vos antes que o olhar de um homem se tenha apercebido desta humilhação de vosso espírito. Praticai o bem ocultamente, orai com a elevação de vossos corações e reconciliai-vos com vossos inimigos antes de entrar na Sinagoga.
***
Não me encontrava já no tempo de meus tímidos estudos a respeito das necessidades humanas e a natureza de meu entusiasmo em nada se parecia à temeridade da adolescência. Minha visão do futuro tinha sua origem no ardor de minha vontade. Eu falava com uma emanação divina e gozava de um puro êxtase nas maravilhas da pátria celeste. Depois voltava à realidade, mais empreendedor, mais infatigável, mais heróico que antes, para o cumprimento de minha missão. Minha morte parecia-me útil; fugir-lhe parecia-me vergonhoso e vil.
Poderia acaso esquecer-me a posteridade? — “Não, me respondia uma voz íntima, a posteridade tem necessidade de ti, o porvir tem suas esperanças na nova lei; os vestígios de teu sangue farão brotar virtudes.”
Eu devo, irmãos meus, demonstrar-vos os diferentes efeitos de minha pureza que tiveram por móvel causas diferentes em duas épocas de minha vida.
Coloco a primeira época dentro do período transcorrido até o falecimento de meu pai.
A pureza de minha juventude era um reflexo da natureza de meu espírito, lançado para o duro cativeiro da matéria.
A pureza de meus anos viris foi o fruto de uma vitória e a luminosa auréola que me acompanha é a recompensa dessa vitória.
Minha morte de homem foi a liberdade de meu espírito, e minha elevação foi conquistada no corpo humano.
A lei divina é absoluta e o caminho da Humanidade, da mesma forma que o individual, se cumpre sem desvios, dentro da justiça do Criador.
Cheguemos a esta conclusão, irmãos meus: Permanecei na crença de minha pureza como espírito antes de sua última encarnação; mas humilhai-vos quanto à direção de vossa humanidade, que encaminha todos os seus membros dentro das mesmas condições de existência.
Marcha da humanidade terrestre, tu arrastas em teu rápido movimento tanto as mais belas flores como as mais disformes raízes. Mas se neste movimento a flor perde seu perfume, ah! Quanto tempo é preciso para recuperá-lo! — Mas se neste movimento a defeituosa raiz se abre em belos brotos, ah! Quão suave rócio lho dará forças e a fará crescer em mais propícia temperatura!
Admirável aliança dos espíritos, demonstração da fraternidade, vós descobris a adorável bondade de Deus e explicais sua justiça!
À humanidade terrestre eu vinha dar-lhe minha vida de homem, meus sofrimentos de homem, meus pensamentos, meus trabalhos, minha piedade, meu amor... Mas nesta nova peregrinação de meu espírito, minha memória me negaria o apoio do passado e minhas forças fraquejariam amiúde. Como homem sentiria o aguilhão da carne; como homem sofreria devido à matéria, e as afeições combatidas me pesariam como remorsos; como homem me cansaria dos homens e sofreria não obstante pelo abandono dos homens; como homem me chegariam sinais de compaixão dos espíritos de Deus, porém, nada de ostensivo poderia dar-me faculdade para desafiar, para mudar a ordem da natureza; como homem, enfim, estaria submetido à lei humana e a justiça de Deus não alteraria, por mim, sua imutabilidade.
Irmãos meus, convém que estejais prevenidos contra a infeliz loucura da superstição. Abandonai as condenáveis ficções das paixões da época e os tristes ensinamentos do passado, e alegrai vosso espírito com o princípio absoluto da fé. Este princípio descansa na eternidade das leis naturais e na perfeição de seu autor, na luz levada pela graça e na eficácia desta luz para o bem geral.
Fazei-vos dignos da graça e trabalhai na luz. Aqueles que vos são agora superiores têm ainda um dever a preencher, esforços a realizar em comum, forças a alcançar do seio da Divindade e honras que merecer. As idéias de progresso fazem palpitar sempre o coração dos grandes espíritos. A lei geral das humanidades é a de caminhar sempre para diante; a dos espíritos puros, é a de trazer luz à Humanidade.
Irmãos meus, a palavra de Jesus aí está para trazer-vos a luz. A vida carnal de Jesus trouxe a luz, e os Messias de todos os mundos e de todos os séculos têm sido enviados para distribuir luz. Mas estes Messias encarnados na matéria fazem causa comum com a Humanidade a que devem ajudar, têm a mesma semelhança humana que os demais e nada há que possa livrá-los das tendências próprias desta natureza. Fazei pois para todos o mesmo fardo de provas e a mesma fraqueza de órgãos, a mesma delicadeza material e o mesmo esquecimento do passado na natureza humana. Honrai a justiça de Deus, majestosa e forte no seu curso. Da pureza de Jesus feito homem não julgueis pelas suas manifestações contando com a pureza anterior de seu espírito, mas procurai compreender a luta do espírito perdido na matéria e constrangido a submeter-se às leis de dita matéria.
No quinto capítulo, a continuação desta narração terá por objeto o conhecimento de meus apóstolos e do meu poder como filho de Deus, título aparatoso e cheio de temeridade, porém abundante de promessas, aquele que eu dava a mim próprio, para engrandecer minha missão e deslumbrar as massas, título que mereci por minha justa adoração ao Pai nosso.
A lei tinha que castigar-me como blasfemador, ninguém teria podido salvar-me. Eu o sabia e as meditações a respeito de minha morte constituíam minha delícia. Ela levava consigo o voluntário sacrifício das afeições terrenas, e minha mãe, meus irmãos e minhas irmãs se converteram para mim em membros da família humana em meio do pensamento geral e fraterno da união das almas.
Irmãos meus, vos digo: voltarei dentro em pouco.
Esta mensagem é parte do livro Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, da Grande Cruzada do Esclarecimento. Conheça mais sobre o livro Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo. Agradecemos pela leitura e ficaremos muito felizes se o seu desejo for o de compartilhar a mensagem com seus amigos e familiares.
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