Fala Jesus dos esforços despendidos por Ele nas cidades da Galiléia - Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo - Parte II - Cap. XXII

PDF por Nova Ordem de Jesus. 11/05/2016 - 14 min leitura
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Fala Jesus dos esforços despendidos por Ele nas cidades da Galiléia e de seu pouco êxito, insistindo novamente no poder da verdadeira fé. Refere-se também à sua limitada atuação na Samaria e dá as razões dessa limitação.

Depois de suas novas predicações da proximidade do reino de Deus, em todo o território da Judéia, e de que todas as cousas deviam para ele mesmo antecipadamente preparar-se, levantando templo de amor e de justiça nos corações dos homens; com muito mais energia tinha voltado às terras da Galiléia que mais que nenhuma refratárias foram às palavras do Messias, e ainda que um pouco melhor de disposição tivesse alcançado, de Cafarnaum entretanto muito bons elementos para a sua obra se lhe ajuntaram, assim como que setenta discípulos conseguira, e ainda mais, em encarregar do ensinamento das novas doutrinas pelas paragens que se estendiam nos seus arredores. Quer dizer, portanto, que antes e depois de minhas longas peregrinações por terras distantes, desde Filipópolis, Sidon, Tiro, Damasco e mais longe ainda, na Síria e na Fenícia, muitas vezes por Cafarnaum principalmente, Betsaida e Corozain, passara e detivera-se em sua passagem o Messias, para dar também por elas testemunho evidente de seu ministério, tanto quanto comportavam os costumes e exigências desses tempos em que se pretendia que todo o verdadeiro messianismo havia de impor crença de si, não somente na sabedoria das ciências divinas e na santidade da vida e no domínio da verdade de suas palavras sobre a dos outros oradores nas Sinagogas, como também no poder do sobrenatural que havia de acompanhar a todo o verdadeiro profeta. Jesus encontrava-se colocado muito mais alto que os profetas, como o Filho de Deus, o Messias prometido nas Sagradas Escrituras, o Salvador do mundo, e tal comportava realmente sua elevada missão, como bem o sabeis, mas não havia de ser o milagre, certamente, a violação das leis imutáveis de Deus, o absurdo, enfim, não havia de ser, nem podia ser, o testemunho evidente de seu messianismo cujas demonstrações em compensação deviam-se assentar na evidência mesma de seu elevado ministério, evidência que ficara comprovada já com as particularidades que rodearam o nascimento de Jesus, multiplicadas e engrandecidas pela fantasia popular, assim como com os primeiros passos de sua atuação no Templo e em meio da família, antes ainda de que fosse mandado estudar em Jerusalém. Não é falar certamente dos milagres, que não existiram; “mas preciso é, irmãos meus, inclinarmo-nos perante os altos desígnios de Deus, que por meios incompreensíveis para o homem rodeia a verdade em cada tempo da forma de prestígio que mais lhe convém, para que sejam cumpridos os propósitos de seu novo ensinamento entre seus filhos”. Não é falar certamente dos milagres, que não existiram, repito-vos, mas o elevado misticismo evidenciado por Jesus desde sua primeira infância, suas celestes visões e a forma sentenciosa e a miúdo profética de suas palavras e até seu próprio retraimento em meio da solidão, procurada para a elevação de suas preces ao Senhor, colocavam-no em uma posição de muita superioridade em frente dos demais jovens da povoação e também dos homens que vigiavam as estranhas manifestações dessa superioridade geralmente a miúdo com mal dissimulada inveja ou com manifesto despeito.

Já vos disse que em nenhuma parte foi tão pouco aceita no princípio a atuação de Jesus como em Nazareth, se bem que muita mudança houve depois em seu favor, para o fim do que estabelecido estava como obra encomendada a ele pelo Pai.

Ao menos que tivesse escondido o pai, mãe e irmãos, antes de apresentar-se-nos como filho de Deus, dizia-se, confundindo assim minha filiação divina com a carnal, que era comum ao Messias como aos demais homens. Assim também procurava-se comparação entre as palavras de Jesus, pronunciadas em demonstração da nova doutrina, com os ensinamentos das Sinagogas em que se defendia a velha doutrina, encontrando-se facilmente motivos de contradição baseados mais nos velhos dogmas que na justiça. Causa, pois, é esta pela qual distanciado quase sempre andou o Messias do lugar de seu nascimento entre os homens. Mas não foi unicamente Nazareth a terra que demonstrou ingratidão ao Messias, mas também esses mesmos povos em que maior havia sido o esforço de sua palavra, como Cafarnaum, Betsaida e Corozain, principalmente, e que mal corresponderam, durante muito tempo, aos amorosos chamados que em nome do Pai lhes fizera obstinadamente o Celeste Portador da Boa Nova. Assim, portanto, no último período de seu ministério, viu-se um tanto exasperada a imperturbável paciência e o amor para os homens do Filho de Deus, quando, não obstante a importância que em Cafarnaum havia começado a obter a nova doutrina e não obstante os bons e bastante numerosos discípulos que conseguira, assim como os sinceros afetos de que rodearam ao Mestre os simples povoadores das praias do mar de Tiberíades, voltaram assim mesmo a persegui-lo a maioria dos povoadores, não somente com sua incredulidade, mas também geralmente com mal dissimuladas demonstrações de hostilidade para quem vinha exprobrar-lhes, em nome do Pai, seu completo olvido das cousas celestes e seu vergonhoso apego aos bens materiais. Irritava-os minha prédica persistente em anunciar a proximidade do reino de Deus e a derrocada de todas as instituições que não correspondiam à nova revelação trazida, para os homens, pelo próprio Filho de Deus.

Tenho-vos dito já tudo o que em Jerusalém recolhera como aproveitamento dos conhecimentos que me haviam de servir para o exercício de meu ministério, assim como do que na Cabala alcancei para o bem dos desgraçados. Porém, também em aproveita-mento do que havia de revelar-se mais tarde na pessoa do Messias, com relação às suas elevadas alianças no reino dos céus, muito tirou daí e esses foram portanto os meios que, em virtude também de sua superioridade, lhe serviram para livrar muitos homens das obsessões do espírito do mal. Isto e a cura de muitas enfermidades, assim como o conhecimento profundo que Jesus tinha dos homens e que lhe ditavam meios de previsão do porvir, sua penetração também no conhecimento das intenções dos que o rodeavam, a facilidade de solução rápida de todas as dificuldades que se lhe apresentaram, a veemência de suas afirmações e o tom profético de suas palavras, por tudo isto e pelo mais que foi dito, havia-se esforçado Jesus com seu maior desejo e com a maior habilidade de que era capaz, para que fosse recebido como o testemunho evidente de sua missão e que formou depois a prova externa irrecusável do que internamente era a ele somente revelado, mediante as elevadas alianças celestes que o acompanhavam e o ajudavam invisivelmente na grande obra da redenção humana.

Assim, portanto, não é de estranhar-se que alguma vez, no último período de sua estada entre os homens, quando a negra ingratidão dos mesmos se preparava para aniquilá-lo corporalmente, não é de estranhar-se que um profundo sentimento, uma grande dor lhe arrancasse palavras de exprobração e de ameaça principalmente contra essas cidades, nas quais sua predicação tanto se havia esmerado. É de justiça, não obstante, dizer que muito de bom se conseguiu em meio dessas populações que padeciam afinal da geral descrença, tendo-se chegado, não somente nessas cidades da Galiléia como também na Judéia, até a olvidar o que sempre por dogma se havia tido, isto é, o da ressurreição, que alguns tomavam pelo que vós chamais reencarnação e outros por sua volta à vida como espírito, no céu, depois da morte do corpo, e outros ainda como voltando à Terra com os mesmos corpos, e era assim a ressurreição para alguns na Terra e para os outros nos céus, porém, para a maior parte fábulas chegaram a ser, nada vendo fora da vida que levavam na época de sua presença no mundo. Tudo assim, para a maioria, levado era com indiferença e melhor lugar, de costume que de devoção, tomavam em seus corações as práticas religiosas.

Recordai, irmãos meus, o que já vos disse sobre como devia ser a fé com relação às cousas que do Pai trouxe o filho. Recordai, do mesmo modo, o que do poder da fé também vos foi dito com palavras como estas: “Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: levanta-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará, quanto disser, tudo será feito”. É, pois, que a fé tanto pode quão grande é e tanto alcança quanto em intensidade aumenta. Seja portanto vossa intenção posta no bem e firme vossa fé e assim também o que disserdes: seja, assim será e o que disserdes: faça-se, assim mesmo será feito.

Quero também dizer-vos que não deveis estranhar se de Samaria muito pouco testemunho vos dou, porque certamente no meio dessas gentes foi dado testemunho de meu ministério e mais de uma vez também as elevadas manifestações de que encarregado fora o Mestre foram-lhes oferecidas para seu conhecimento; mas era também este povo refratário a tudo o que na Judéia tivesse nascimento e era considerado como da Judéia saído Jesus, quanto à palavra dos ensinamentos que levava às gentes. Mas, justo é dizer, que bons crentes também dali surgiram, sendo que era tal o pensamento dessa gente que com muita dificuldade dele se apartavam para aceitar crenças de outro povo e ainda que com mais prestígio e importância muitíssimo perdia, para com as gentes da Judéia e da Galiléia e demais denominações, todo mestre de religião que em Samaria ensinasse e daí saísse levando também a palavra aos outros povos. Até proibição absoluta havia para os judeus, para tudo o que fosse trato com os samaritanos. Jesus, portanto, desempenhou seu encargo levando a boa nova entre os samaritanos também e até como exemplo tomou-os ante os judeus em muitas ocasiões para despertar seu amor próprio em favor da nova doutrina, mas sem ultrapassar os limites que comportava o interesse da propaganda, a maior probabilidade de êxito para os ensinamentos que o Filho de Deus trazia à Terra para a salvação de seus moradores.

Se dessa fé de que vos falo vestígios houvesse encontrado nos tempos que digo, certamente desde o princípio a grande altura minhas doutrinas teriam alcançado, mas nem sequer essa fé consegui formá-la e tampouco estavam para ela preparados os tempos, pois que tal elevação na fé, como já vos disse, elevação primeiro exige de todas as virtudes do espírito.

Obtive, apesar disto, em numerosos discípulos, essa fé simples que cegamente se apoiava na autoridade do Filho de Deus, a quem eles reconheciam, fé suficiente para levar em proveito da divulgação da doutrina já completamente formada, porém insuficiente para exaltar-se em alianças superiores com os espíritos do Senhor, impulsionando a alma humana até a inspiração clara das eternas verdades que somente de Deus vêm.

Isto foi a causa, mais tarde, dos desvios que os ensinamentos de Jesus sofreram até ao ponto de chegarem aos criminosos absurdos que encheram o mundo de ódios em vez do amor, que se ensinara, de guerras em lugar da paz fraterna predicada, de divisões profundas entre os homens, em troca da unidade de vistas sobre uma moral comum.

Dessa fé simples muitas provas colheu seguramente o Messias em todas as partes; mas a doce impressão repetidas vezes colhida entre os simples povoadores das praias do mar de Galiléia em Cafarnaum, gravou-se profundamente no coração de Jesus, acompanhando-o e dulcificando, em mais de uma ocasião, os duros transes do apóstolo e do mártir.

Oh!... esse tão suave bálsamo para o sentimento que só amor buscava, porque só amor semeava, esse, como todos os que em minha longa e dolorosa carreira baixaram com alguma abundância sobre minha alma suavizando suas penas e alentando-a, resplandece agora sob a forma de brilhantes diademas que coroam a centenares de espíritos de luz, espíritos do Senhor, que, na felicidade completa, rodeiam hoje a Jesus no céu, como o rodearam nesses longínquos tempos dando-lhe o apoio de sua fé e o alento de seu carinho.

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