A caminhada interminável das almas - Elucidário Cap. XXXIX

PDF por Nova Ordem de Jesus. 12/02/2016 - 16 min leitura
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A caminhada interminável das almas - Objetivos dos emissários de Jesus ao solo terreno - Um caso como muitos - Duas filhas que eram todo o orgulho do pai - Dois casamentos interesseiros - Conseqüências da falta da oração

Os homens e as mulheres presentes na Terra neste fim de século, aqui vieram com a finalidade de completarem o seu aprendizado iniciado há milênios em mundos bastante inferiores a este, para que possam em breve ascender a outro mais elevado. O processo evolutivo dos seres espirituais assemelha-se bastante ao processo educativo em todos os países, sendo necessário ao aluno concluir um curso inferior para poder ingressar no que lhe fica imediata­mente superior. Aos seres espirituais sucede o mesmo, com a diferença apenas de que um ano de estudo do aluno na Terra corres­ponde em regra a uma, duas ou mais encarnações, ou seja a dois ou três séculos de vivência terrena. Isto porque o curso que se apresenta aos seres espirituais, durante o qual deve cada um dar provas do melhor aproveitamento, é cem vezes mais complexo do que os cursos didáticos da Terra. Todas as almas que povoam os incontáveis planos de vida disseminados na imensidão do Infinito, estão destinadas ao aprimoramento máximo de todas as suas faculdades latentes, numa caminhada também interminável porque evoluindo sempre, indefinidamente.

Os homens e as mulheres atualmente na Terra, possuidores já de um certo grau de conhecimentos e por conseguinte também de certa luminosidade, devem esforçar-se um pouco mais do que o fizeram até agora, no sentido de completarem corretamente o seu aprendizado na Terra. Se isto conseguirem os atuais viventes na esfera terrestre, estarão conquistando com seu esforço o direito de ingressarem em planos de vida bem mais feliz do que a vida na Terra, planos que estão desde muito aguardando essa oportunidade. Assim como sucede aos atuais viventes nesta pequena esfera, também os habitantes dos planos a que me refiro, estão tratando de se prepararem para ingressar por sua vez em outros mundos ou planos de vida ainda mais refinados.

Tem por isto um duplo objetivo o meu e o trabalho dos demais emissários de Jesus ao solo terreno para difundir conselhos urgentes aos seres humanos. Um desses objetivos consiste em exortar a to­dos para que se dediquem com todos os seus esforços ao aprimoramento moral que ainda lhes falte, enquanto o segundo consiste em advertir a todos a respeito das operações transformatórias em curso na profundidade do solo terreno, em conseqüência das quais poderão muitas almas encerrar sua presente encarnação. E se as que isto fizerem se encontrarem devidamente preparadas, isto é, estiverem com o seu curso terreno perfeitamente concluído, essas ver-se-ão logo transportadas a planos de tal magnitude como prêmio aos esforços aqui despendidos, que a impressão primeira de todas elas será a de que um mundo novo e jamais imaginado, um céu autêntico, muito mais belo do que o paraíso, para elas se abriu e nele passarão a viver. São pois esses os dois objetivos visados pelo Senhor Jesus ao enviar à Terra alguns milhares de emissários a conclamarem os homens e as mulheres para o cumprimento de deveres livremente assumidos no Alto, todos, entretanto, no seu exclusivo benefício.

Este Espírito que vos fala, cujo passado remoto muitos dos leitores conhecem através dos fastos da história do Cristianismo, aceitou com alegria o convite do Senhor Jesus para participar desta Grande Cruzada em pleno desenvolvimento na Terra, por enxergar nisto uma nova oportunidade de poder contribuir para que todos vós, estimados leitores, consigais despertar vossas energias morais para a tarefa que realmente vos convém, que é o vosso mais rápido desenvolvimento espiritual. Para esse grande objetivo de minha parte é que eu procuro apresentar-vos o meu pensamento traduzido em imagens e palavras as mais simples e compreensíveis, usando embora um idioma que jamais aprendi na Terra, porque pertencente a países em que eu não tive a ventura de viver. Como, porém, vivi num pequeno país vizinho deste em que ora escrevo, e lá me familiarizei com o idioma de Castela, encontro hoje uma grande facilidade em ditar o meu pensamento em castelhano, o qual o meu querido intermediário vai escrevendo fluentemente em português. Estou usando por conseguinte um processo bastante comum no Alto, pelo qual uma Entidade transmite ao médium o seu pensamento em determinado idioma similar, e o médium, por meio do processo telepático o grava no seu próprio idioma. O meu grande empenho consiste, posso dizer que exclusivamente, em conseguir penetrar em vossas células mais sensíveis, e nelas imprimir por meio da palavra escrita que aqui vos deixo, o sentido mais perfeito, puro e santo de quanto escrevo para o vosso exclusivo benefício, que é o vosso mais rápido progresso espiritual. E isto conseguindo como espero, estimados leitores, eu me considerarei regiamente pago de todos os esforços que ora faço para o bem de todos vós. Esta forma de pagamento, embora possa parecer a alguém meramente fantasiosa, não o é absolutamente, porque é real, perfeita. Vós próprios a conhecereis um dia que vem perto, isto é, um perto que pode durar um século, espaço de tempo que para nós Espíritos bem pequeno é, quando vos tornardes assim como eu nos dias presentes, novos emissários do Senhor junto a outros irmãos encarnados. Sentireis então em vosso coração toda a alegria de uma Entidade a serviço do bem, ao ver seus esforços recebidos e compreendidos por aqueles a quem se destinam. Resulta deste fato um tal sentimento de alegria para a Entidade, que isso apenas lhe basta para a sua maior felicidade. Nessa ocasião sabereis todos vós avaliar com precisão toda a alegria que eu espero sentir em breve, em virtude da vossa atenção e aproveitamento de quanto vim escrever no presente volume por determinação do Senhor Jesus.

Gostaria de transcrever ao longo destas páginas o sem-número de fatos ocorridos nos planos do Além, com irmãos nossos que ali aportam constantemente e ali ficam vivendo períodos mais ao me­nos longos, segundo as necessidades e livre arbítrio de cada um. Mas vou relatar-vos um desses fatos, dele retirando o que possa ser útil a quantos permanecem na Terra. O fato de que me ocuparei diz respeito a quantos dos nossos irmãos se empenham demorada­mente em construir sólida fortuna na Terra, apenas alcançada a sua maior idade. O irmão de quem aqui tratarei foi um desses assim empenhados na construção da sua grande e sólida fortuna. Muito jovem ainda constituiu família à qual se dedicou amorosamente no lar, enquanto em suas atividades se atirava ao seu grande objetivo que era a fortuna. Seus pensamentos giravam assim dia e noite no afã de amealhar dinheiro de todas as maneiras, convém dizê-lo, e sua fortuna crescia lentamente embora, mas crescia sempre. A Pro­vidência Divina concedera-lhe duas lindas filhas que constituíam todo o seu orgulho de pai, e nelas pensava sempre que vislumbrava uma boa oportunidade de aumentar a fortuna. Imaginava aquele nosso irmão que uma boa fortuna certamente atrairia bons partidos para as filhas, homens ricos também e de boa posição na sociedade, com o que estaria realizado o seu ideal de pai.

O nosso irmão viveu por conseguinte o tipo de vida acima descrito: de casa para o trabalho e do trabalho para a família. Crença religiosa este irmão possuía apenas a tradição de sua família. Um ou outro domingo comparecia à missa do meio-dia por ser a melhor freqüentada, onde se fazia acompanhar da esposa e as duas belas filhas. Era no seu entender um meio de mostrar a família aos amigos e conhecidos que faziam o mesmo que ele. Fora disto não praticava outra espécie de culto às Forças Superiores. Deitava-se habitualmente tarde e não pensava senão nos seus negócios, e na maneira de como acrescentá-los. Este nosso irmão realizou realmente o seu grande objetivo. Ganhou bastante dinheiro, prosperou seus negócios e a vida, atraindo com isto a atenção do seu círculo de relações. Dois jovens possuidores de grau universitário apresentaram-se candidatos a maridos das duas belas filhas do nosso irmão, e ele os recebeu com o coração pulando de alegria. Os enlaces foram realizados com toda a pompa, muitos convidados presentes, muita alegria enfim. O nosso irmão, passados os primeiros dias de contenta­mento, começou a pensar no futuro de suas filhas, chegando a admitir certa preocupação quanto ao comportamento e honorabilidade dos genros. Sendo embora membros de famílias conceituadas, eram moços recém-formados e ainda sem clientela que pudesse garantir o orçamento da família. Mostrou porém a ideia má que o assaltara, dizendo de si para consigo que se algo fosse necessário para ajudar os novos dois lares, ele estaria pronto a contribuir, contanto que as filhas não conhecessem a menor dificuldade. Isto foi realmente necessário ao fim dos primeiros meses, quando o nosso irmão da história resolveu estabelecer uma mesada para cada filha. Achou que seria melhor ir ao encontro da necessidade do que esperar que esta viesse ao seu encontro. Ao fim do primeiro aniversário de casa­mento das duas filhas, o nosso irmão havia-se tornado responsável pela manutenção quase total de dois lares além do seu.

Nesta altura da vida o nosso irmão começava a preocupar-se seriamente com o futuro de sua descendência. E se ele morresse em breve? - indagava-se a si próprio. Se os genros não produziam o suficiente para manter-se e à família, o que seria de suas filhas e netos, que começavam a chegar, quando ele fechasse os olhos? Es­tas indagações preocupavam-no seriamente. Casara as filhas com homens finos, preparados, possuidores ambos de grau universitário, no entanto não conseguiam produzir o suficiente para fazer face ao orçamento da família. Decidiu então, num momento de preocupação, resolver a situação, fazendo os dois genros seus sócios, certo de que assim poderiam solucionar o grave problema doméstico de cada um. Assim foi feito. Um contrato foi então lavrado, entrando na firma um engenheiro e um médico como sócios solidários. O nosso irmão viu nesta a solução ideal para o caso. E assim pensava: se ele que não pudera ir além do curso primário conseguira fazer fortuna e formar uma firma sólida como era a sua, agora com dois sócios jovens, formados e certamente ambiciosos, as coisas te­riam de marchar bem melhor.

Decorreram os primeiros quatro a cinco anos em que a firma prosseguindo sob a sua chefia continuou a progredir. Os sócios mos­travam-se atentos ao negócio, embora um tanto impontuais ao expediente, dado que tendo sido eleitos membros da diretoria de entidades de classe, apreciavam manter-se na sede no trato dos interesses sociais, no que eram bastante aplaudidos pelos demais membros. O nosso irmão estava já então muito mais preocupado e um tanto desiludido quanto ao futuro de sua firma, passando a sentir certas palpitações que jamais sentira no coração.

Certa noite após a refeição da qual pouco participara por in­disposição momentânea, o nosso irmão preferiu recolher-se ao leito para repousar um pouco. Deitara-se mesmo vestido porque pretendia sair ainda um pouco com a esposa. Esta, uma excelente companheira de muitos anos, sempre solícita em que nada lhe faltasse, deixou que decorresse meia hora ou pouco mais e foi chamá-lo para saírem, conforme haviam combinado. Qual não foi, porém, o seu espanto e profundo sentimento de desgosto ao constatar que apenas o corpo ali permanecia. O nosso irmão havia partido da Terra por força de um colapso que assim pusera fim às suas atividades materiais.

O nosso estimado irmão cuja pequena história venho de relatar-vos, observava do seu plano de vida espiritual, quanto fora inútil a sua preocupação máxima de fazer fortuna em sua vivência terrena. Decorridos apenas dois anos desde que partira de regresso ao seu plano no Além, constatava com profunda tristeza de alma o que na Terra se passara com aquilo que tanto lhe custou a reunir: sua fortuna material. Verificava que o seu negócio se encerrara por não quererem seus genros prosseguir com o mesmo, considerado demasiado inferior para o seu grau universitário. Trataram então de pro­ceder à liquidação do mesmo dividindo os haveres. Sua viúva com isso perdeu a mesada que lhe deixara por contrato, visto que este cessara também. As filhas viviam agora em grandes dificuldades e em constante desentendimento com os maridos por falta do indispensável à manutenção da família. Nesta situação quase aflitiva, o nosso irmão desejou aconselhar-se com uma Entidade dirigente do plano, acerca de como poderia ajudar dali aqueles que deixara na Terra.

- Meu filho, perguntou-lhe a Entidade, desde quando não oras ao Senhor do Mundo pela tua família?

- Eu devo confessar, e o faço com toda a minha sinceridade, que deixei de orar desde que comecei a preocupar-me com os meus negócios na Terra. Pensava consolidar primeiro a minha vida ter­rena para no final me voltar para o Senhor.

- Exatamente por isso, filho meu, foi que não tiveste a inspiração de que carecias no encaminhamento da tua vida. Se a tivesses, outros teriam sido os teus genros, mais modestos, é certo, mas aqueles que estavam destinados a completar o teu círculo familiar. O meu conselho no momento, meu filho, só pode ser este: ora agora ao Senhor dia e noite, e pede-lhe a necessária proteção para os que deixaste na Terra. O que não julgaste necessário fazer antes, trata de fazê-lo agora, porque nunca é tarde para orar. O Senhor aten­derá, certamente, ao teu pedido.

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