Continuava Jesus com seus sermões - Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo - Cap. XIV

PDF por Nova Ordem de Jesus. 28/04/2016 - 31 min leitura
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Continuava Jesus com seus sermões, alheios a toda a ortodoxia, aumentando o ódio e o desejo de o perder, por parte de seus inimigos. Ele desafiava-os afinal e denunciava-os perante o mundo por todas as suas maldades, falsidades e prevaricações, pondo Deus como Juiz e testemunho de suas acusações.

Irmãos meus, o limite que fixei para este trabalho não me obrigará ao silêncio, se algum de vós tiver o desejo de maiores esclarecimentos ou de uma nova confirmação dos fatos que vos tenho referido. Em segundo lugar, o curso dos acontecimentos até o final deste livro me dará motivos para numerosas digressões com respeito ao assunto que nele se desenvolve. Nós limparemos o caminho e aplanaremos o terreno; semearemos por Deus. Edificaremos a casa de nossos filhos na luz e acumularemos riquezas para eles, derramando tesouros divinos sobre as riquezas humanas. Revelemo-nos tanto pela simplicidade de nosso estilo, como pelo ardor de nosso amor. Expliquemos nossa defesa diante dos homens que nos acusam, nossa força diante dos que nos negam, nossa afetuosa piedade ante os que deformam nossa personalidade. Digamos-lhes a todos, infelizes ou culpados, ignorantes ou malvados:

“Aproximai-vos, amigos meus, dar-vos-ei a felicidade de crer em Deus nosso Pai, princípio e adorável fim da criação, aliança e movimento das invisíveis harmonias e incomensuráveis grandezas do Universo.

“Demonstrar-vos-ei a superioridade gradual e a afinidade dos espíritos entre eles, a diversidade dos elementos e a superioridade absoluta da direção dos globos planetários, dos fosforescentes astros errantes, das reconstituições luminosas, do decrescimento e da regeneração dos mundos.

“Ensinar-vos-ei a vida espiritual na matéria e fora da matéria, contar-vos-ei minhas dúvidas, minhas esperanças, minhas faltas, minha gloriosa coroação, o martírio de minha alma, o triunfo de meu espírito, as lutas de minha natureza carnal com as aspirações do meu pensamento, a tendência humana ardendo em meu coração completamente cheio de desejos de uma pureza imortal. Descrever-vos-ei a Jesus como o mais adiantado dos Messias vindos à Terra e farei resplandecer a casa de Deus, livre de toda a superstição filha das criaturas; conduzir-vos-ei ao sentimento do dever e vos convencerei da felicidade que espera aos fortes, humildes e religiosos observadores das leis de Deus.

“Ao ouvir minha voz sereis consolados, vós que chorais, e caminhai sob minha terna proteção, ó vós que gemeis no isolamento e na ingratidão, no abandono e na injustiça, no esgotamento das forças físicas e na amarga sensação da lembrança e do remorso! Eu quero minar toda a crença no maravilhoso; fazendo-me conhecer tal qual sou e afirmando a graça como um efeito da justiça divina”.

A graça é o benefício da força; a força resulta do progresso do espírito e todos os espíritos se elevam por meio das provas da vida carnal, quando compreendem seus ensinamentos. Jesus, desde a felicidade espiritual para a qual o conduziram os opróbrios humanos, teve que preparar seus direitos a uma glória cada vez mais luminosa, e assim sucederá a todos os que chegam ao desenvolvimento das forças por intermédio da vontade.

Neste capítulo, irmãos meus, teremos que expor a doutrina pura de Jesus, fazendo notar as manchas impressas nesta doutrina pelos sucessores de Jesus e pelo próprio Jesus em sua última estada em Jerusalém.

Rodeado em Betânia de seus amigos mais queridos, Jesus não lhes abriu bastante o caminho do porvir mediante um amplo desenvolvimento de sua doutrina e em Jerusalém cometeu o erro de não se proclamar o fundador de uma nova religião. Jesus tinha que repudiar toda a coesão com o povo judeu e morrer afirmando sua fé sobre outros princípios, que não eram os da lei mosaica.

As palavras de sentido ambíguo, as palavras desprovidas de elevação, porque derivavam da vida exata e regular de povos laboriosos, os discursos obscuros, a sublime teoria da igualdade, da fraternidade, da liberdade individual, que parecia até então urdida com pouca habilidade, e a organização viciosa e incorrigível da sociedade humana, tudo tinha que desaparecer e iluminar-se em meio dos últimos preparativos da separação. Ai de mim! Deus foi testemunha das dores de minha alma, dos arrependimentos de meu espírito; mas ele consolou a minha alma com sua força e reservou para meu espírito o encargo de um perfeito cumprimento. — Regozijo-me das trevas ao sair das deslumbradoras luzes! — Quero desafiar o desmentido brutal depois de haver deixado os eflúvios do amor independente e generoso, entrego-me à humanidade terrestre para despedaçar suas cadeias e mostrar-lhe seu Criador!

Coloquemos debaixo de nossos olhos as semelhanças que existem entre a época das provas humilhantes de Jesus e os tempos de espantosas e convulsivas torturas do estado social. A desconfiança do povo de Jerusalém apoiava-se nas provas que se lhe davam a respeito de minhas contradições. Minha firmeza em rechaçar toda a participação nos fatos milagrosos que se me haviam atribuído, influiu ainda mais para aumentar a desconfiança do povo. — Por que, repetia o povo, permitiu ele que o apresentassem como um curador inspirado, quando afirma agora não haver curado ninguém de um modo sobrenatural?

José e Andréia atribuíam-se a honra, por troça, de serem os filhos de Deus; Maria, minha mãe, parecia oprimida pela vergonha e o desgosto; as mulheres que me acompanhavam tremiam, escudando-me com seus corpos, e meus novos amigos interpunham-se entre a multidão irreverente e meus discípulos de Galiléia. Tais foram os preliminares de uma justiça que se fez forte com o grande nome de Deus, para ir contra o seu Messias e contra os interesses de seu povo, para abater o defensor do povo.

Hoje, irmãos meus, a doutrina de Jesus, mal compreendida no princípio, tanto pela natural fraqueza de Jesus, como por efeito de seus mais zelosos defensores, A DOUTRINA DE JESUS, REPITO, É MAL CONHECIDA ATÉ O PONTO DE QUE JESUS É UM DEUS PARA ALGUNS, UM LOUCO PARA OUTROS E UM MITO PARA OS DEMAIS. Os homens que se julgam capazes de dirigir a Humanidade discutem o poder soberano ou não falam dele jamais; os de espírito mais independente se inutilizam nas orgias, ou dão demonstrações de si com ações miseráveis; os menos irreligiosos sustentam todas as instituições em opróbrios ao Deus de amor e de paz; e a NEGAÇÃO DE MINHA PRESENÇA AQUI DESCANSA NA PRETENDIDA IMPOSSIBILIDADE DAS RELAÇÕES ESPIRITUAIS. Neste dédalo de negras heresias, de desprezíveis defecções, de absurdos erros, domina, como nos dias da revolta do povo de Jerusalém contra Jesus, o louco orgulho das paixões inconscientes e o desafio de delinqüentes concupiscências. Jesus, preparado para a luta e profundamente convencido de sua missão divina fazia depender demasiado sua coragem, da coragem dos que ele amava, e a idéia democrática bebida por ele em um sentimento religioso exaltado, porém sensato, não se levantava o suficiente acima das alegrias do coração. A ingratidão, o abandono, a calúnia encheram a alma de Jesus de uma altaneira compaixão e selaram seus lábios quando justamente houvera sido da maior habilidade o anunciar a religião universal a todos os povos da Terra.

Neste momento Jesus olha para a Humanidade, presa toda ela, parte ao ateísmo e parte à superstição, e por mais que ele se sinta tão maltratado pelos céticos quanto pelos relaxados e pelos hipócritas, permanece impassível no poder da idéia, na força da ação, as quais não estão já sujeitas às fraquezas da natureza humana. O amor torna-se uma força de entidade espiritual, e se do ensinamento prático de sua vida de abnegação, Jesus não pôde alcançar as honras populares com que contava, nem por isso resulta menor o doce apoio dos pobres e dos humildes, o juiz severo dos prevaricadores e dos conquistadores.

Ditemos as principais passagens das últimas predicações de Jesus e tiraremos em conseqüência que as falsas avaliações provêm sobretudo das omissões e das referências apócrifas.

Quando ele quis dar testemunho de seu prestígio de filho de Deus em Jerusalém, pronunciou estas palavras:

“Eu sou aquele que meu pai enviou para dar-vos sua lei; quem quiser me seguir verá Deus. Eu caminho pela estrada da verdade e a luz resplandece em mim.

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis. Isto quer dizer que Deus é uma ciência e que responde aos que trabalham.

“Estudai a origem dos males e as dos benefícios e reconhecereis a justiça de Deus.

“Afastai-vos do orgulho e dos tumultos da Terra para interrogar a Deus e ouvir o que vos responderá.

“Eu sou o filho de Deus, porém esta honra foi merecida por mim e vos digo: Todos os homens de boa vontade podem chegar a ser filhos de Deus.

“Não me pergunteis aonde vou nem de onde venho.

“Somente meu Pai conhece meu porvir, e meu passado permanece oculto para mim, enquanto o pó que envolve meu espírito se mistura com o pó dos mortos.

“Destruí em vós o homem velho e deixai falar o homem novo. Enquanto existir em vós algo do homem velho, as paixões serão mais fortes e o vento soprará sobre vossos projetos.

“Humilhai-vos diante de Deus e não procureis o domínio entre os homens.

“Arremessai para longe de vós as cousas inúteis e cumpri a lei do amor.

“Diminuí vossos gastos para socorrer os pobres; o que tudo tenha dado aos pobres será rico na presença de Deus.

“Levantai longe daqui vossa vivenda; posto que, vos digo, o homem é viajante sobre a Terra. Sua família espera-o; sua família o seguirá em outro lugar e terá ainda que trabalhar para reparar as perdas presentes.

“Não enfraqueçais vossa fé, com investigações estéreis,2 com uma passagem mais estéril ainda, mas praticai os mandamentos da lei de Deus e a luz chegará a vós, pois que a luz é um olhar de Deus.

“Todo aquele que cumpra a lei e deseje a luz, conquistará a ciência, não essa ciência banal que resolve todas as cousas deste mundo, senão outra ciência que tudo explica.

“Felizes os que compreendem estas palavras.

“Felizes os homens de boa vontade, o reino de meu Pai lhes pertencerá.”

Com estes sermões, alheios a toda a ortodoxia, os doutores da lei ameaçaram fechar-me as portas do templo.

Se o povo me houvesse parecido desejoso de conhecer a definição da ciência e da luz, das quais falava, eu teria desafiado a proibição e teria feito valer os direitos de um professor religioso que não atacava nenhum dos dogmas reconhecidos, porém as más disposições do povo me surpreenderam e resolvi retirar-me para Betânia.

Durante o período transcorrido entre a primeira defecção do povo e os atos atrozes de que o mesmo povo foi autor, Jesus não estabeleceu limites às suas expressões e o mesmo sentimento de sua elevação inspirava-lhe ímpetos de furor e profecias de desastres. Ele fustigava a seu gosto aos que chamava hipócritas e perversos, e apontava com antecipação, quase como para oprimi-los depois com o terror, os frágeis no amor, os indecisos na fé, os desconfiados, os ingratos, a toda essa massa de ignorantes e vis que haviam de oprimir seu corpo, semear a indecisão em sua alma e enfraquecer, quase, sua confiança em Deus.

“Sois sepulcros caiados, a ferrugem e os vermes corroem seu interior.

“Possuís roupas, os pobres encontram-se desnudos, e vós rides quando as crianças choram de frio e de fome.

“Andais anunciando em altas vozes vossas obras, entretanto no interior de vossas casas escondem-se a orgia e o delito.

“Denunciais ao mundo a mulher adúltera e enganais a Deus com as aparências de castidade, enquanto vosso espírito encontra-se turbado por desejos impuros e ambições desonestas.

“Condenais o vício dos pobres, porém guardais silêncio a respeito dos escandalosos excessos dos imperadores e do vergonhoso servilismo dos cortesões.

“Chamais a vós mesmos os sacerdotes de Deus, os privilegiados do Senhor, e amontoais riquezas sobre riquezas e incensais aos déspotas e conquistadores.

“Eu sou o Messias, filho de Deus, e vos anuncio que este templo será destruído, que não ficará pedra sobre pedra de vossos edifícios; uma nova Jerusalém se levantará sobre as ruínas da antiga; vossos descendentes procurarão o lugar onde se exercitava vosso poder e os fastos de vosso orgulho se desvanecerão como uma sombra.

“Quer me decreteis honras, quer me condeneis à morte, meu nome sobreviverá aos vossos e a lei que trago prevalecerá sobre a que vós predicais, sem cumpri-la.

“Hipócritas, que tendes a boca cheia de mel e o coração cheio de ira e de ódio. Déspotas, assassinos sem fé, vil manada de escravos encarcerados durante a noite, covil infecto de animais venenosos, desprezível caterva de gente embrutecida e depravada, sois o mundo que está por terminar e eu proclamo um mundo novo, uma terra prometida, a verdade, a justiça, o amor. Intérpretes de um Deus vingativo, implacáveis provedores da morte, a ciência da imortalidade dir-vos-á a todos que Deus é bom e que a vida humana tem que ser respeitada.”

No meio de outros excessos de linguagem, Jesus acusava os pobres de seguir uma miséria aviltante, sem combatê-la com o trabalho e com as economias do trabalho.

“Desejais o descanso e passais o tempo no ócio e na embriaguez. Detestais vossos patrões, porém invejais sua fortuna, e se vos encontrásseis em seu lugar, procederíeis como eles, porque não possuís a fé que proporciona a coragem no meio da pobreza e a modéstia no meio da opulência.

“Queixai-vos do orgulho e da crueldade dos ricos, e eu digo-vos que vós tendes a alma encouraçada, o espírito prevenido, próprio das naturezas baixas e ciumentas.

“Os que entre vós estão compreendidos no nada das riquezas e na lista dos pobres, serão os primeiros no reino de meu pai; mas, repito, embora muitas vezes o tenha dito: Muitos serão os chamados, porém poucos os escolhidos.

“Opróbrio para os comerciantes de má-fé; o roubo, sob qualquer nome que se disfarce, é uma falta ante as prescrições mais elementares da lei divina; somente a restituição e a caridade podem descarregar a consciência do depositário infiel, do mercador desleal, do falsário, do homem ambicioso e injusto.

“Pecadores de todas as condições, homens de todos os tempos, a moral encerra-se nestas palavras: Fazei aos outros o que quereríeis que fizessem a vós.

“Para trás, traficantes das cousas santas no templo do Senhor!

“A casa de meu Pai é uma casa de oração e vós a converteis em covil de ladrões.

“Retirai-vos, retirai-vos, vos digo, deste lugar de paz e de retiro.

“Os sacrifícios de carne são ímpios; a prece é um perfume da alma, um brado do coração, um arrependimento do espírito, que os tumultos do mundo não poderão aproximar-se-lhes sem afastá-lo de Deus.

“Ai de vós e de todos os que desviarem de seu verdadeiro objetivo as obras do Criador! Ai de vós e de todos os que converterem a religião em um meio para adquirir fortuna temporal!”

A voz de Jesus tomava então uma entonação vibrante e seus gestos tornavam-se ameaçadores. Em nenhuma época de sua vida de apóstolo encontrou tanta amargura em sua alma e tanta indignação em seu espírito, ao revelar as vergonhas da Humanidade, armando-se contra ela com as prerrogativas que lhe davam a sua missão e a ciência divina.

“Sois fracos e ferozes. À ignorância da juventude ajuntais a perversidade do orgulhoso, do avaro, do ambicioso, do dissoluto, do assassino.

“Combateis pela glória alheia! — Que é essa glória?

“Uma espantosa demência, um monstruoso assassinato.

“Adorais um Deus! — Quem é esse Deus?

“Uma imagem formada por espíritos em delírio, um ídolo freqüentemente furioso, sempre fácil de tranqüilizá-lo, acessível a todas as queixas, disposto a todas as concessões. Um ídolo adornado com vossos próprios vícios.

“Os altares de vosso Deus estão inundados de sangue e vós lhe dedicais até sacrifícios humanos.

“Ah! — Causai-me horror! — Empenho-me por adiantar o momento de minha morte, sabendo bem que ela será dolorosa, pois somente depois dela eu me verei livre de vosso vínculo, rota uma fraternidade que me é odiosa, e entrarei na glória de meu Pai.

“Poreis em desnudez meu corpo para alegrar vossos olhares, submetereis à sorte minhas vestes para que possa dizer-se que nada do que é meu deixastes a meus servos; meus servos desaparecerão e morrerei abandonado pelos homens, pois que está dito: o Messias morrerá ignominiosamente; o Céu e a Terra guardarão silêncio.

“Não penseis que eu temo a morte; mas assusta-me vosso porvir.

“Não penseis que eu abrigo a intenção de livrar-me de vossos ódios, mas compreendei e recordai isto: Eu voltarei depois de minha morte. Os que me reconheçam serão perdoados. Compete ao Filho de Deus levantar o pecador e abençoá-lo, facilitar-lhe o arrependimento e proteger os fracos.”

Irmãos meus, a palavra de Jesus torna-se sentenciosa e profética à medida que ele se vai aproximando do termo de sua vida terrestre, ao mesmo tempo que suas afirmações se vêem livres prontamente do temor pelas perseguições e pelas preferências de seu espírito em favor dos deserdados. Anunciando ele mesmo a ressurreição de seu espírito e prometendo sua participação nos progressos da família humana, ditava sua sentença de morte. Seus amigos, desde logo demasiado tímidos e descoroçoados pela confusão dos espíritos, sentiram-se, sob todos os pontos, impotentes diante desta terrível imputação.

“Declarou-se Deus. Todos ouviram. Tem que morrer.”

Determinemos a confusão dos espíritos e façamos distinção entre os partidários e os defensores de Jesus.

Os partidários de Jesus amavam o homem e teriam querido salvá-lo do perigo inerente às prerrogativas de Messias. Os defensores de Jesus deduziam a prova de sua superioridade das demonstrações do apóstolo; mas esta superioridade cada um a explicava a seu modo e a lógica era sacrificada com freqüência, ante o espírito de partido e de disputas.

Uns ignoravam a doutrina que havia proporcionado a Jesus suas mais formosas definições da grandeza de Deus e o tomavam por sábio, cuja vida havia transcorrido no estudo das leis orgânicas e das dependências destas leis. Admiravam o ardente professor de moralidade tão pura, mas rechaçavam tudo quanto lhes parecia sair do círculo dos descobrimentos permitidos à inteligência do homem. O destino humano, depois da morte corporal, era para eles um mistério que ninguém podia penetrar. Atacando este mistério, eu me convertia em derrogador, a seus olhos; sustentando minhas convicções, volvia-me um fanático por um erro concebido no paroxismo da vaidade. Outros conheciam as fontes de minha ciência, porém não reconheciam a esta ciência o poder de estabelecer demonstrações tão absolutas e classificavam de orgulhosa pretensão minhas alianças de espírito com espíritos mais elevados.

Os primeiros tinham a franqueza de suas opiniões, os últimos misturavam à consagração de um fato inegável as reticências de espíritos acanhados e ciumentos. Os defensores reais de Jesus eram ao mesmo tempo seus partidários mais instruídos. Já nos referimos a José de Arimatéia, Nicodemus, Marcos e Pedro. Nos últimos dias que permaneci em Betânia, Pedro e José receberam de mim instruções definitivas a respeito do que tinham que fazer depois de minha morte. Demonstrar, cada vez mais, minha mensagem divina a estes dois depositários de minha última vontade, era minha constante preocupação.

“Que jamais desmereçam no cumprimento de sua missão, dizia eu, mas que estejam convencidos de minha ressurreição espiritual, e esta doutrina, no seu princípio, fraca como eles, se consolidará. — Oh sim! — O porvir terá a colheita de tudo o que eu ajuntei e pus em evidência. O porvir verá generosos espíritos combater o que eu tenho combatido e pôr em prática o que ensino, e eu me converterei em seu apoio, como os que vieram na minha frente o fizeram para comigo, a fim de dar perseverança à ação, a calma e a força no meio dos vendavais.

“Oh, sim! Sairei vitorioso da morte e revelarei perante o mundo as provas de minha imortalidade.”

Meus discípulos de Galiléia (excetuando a Pedro) me pareciam incapazes para seguir minhas prescrições. Sua inaptidão tornava-se ainda maior pelos deploráveis ciúmes, e sempre me havia custado muito trabalho uma aparência de união entre eles. João e o irmão preocupavam-se mais que tudo, em procurar os meios de elevar-me ante a posteridade e prediziam que eu ressuscitaria, corporalmente,3 aos três dias depois de minha morte. Mateus e Tomé me estimavam, me veneravam com uma espécie de adoração; porém não acreditavam em minha lucidez a respeito do que se relacionava com o porvir. Felipe dizia que era impossível realizar alguma fundação com elementos conservadores tão limitados. Judas e Simão, irmão de Pedro, Alfeu e Lebeu, permaneciam indecisos sobre muitos pontos da doutrina. Judas buscava mais que nunca, poucos dias antes de nossa saída, algum testemunho de afeto. Ai de mim! Olvidei-o no meio de tantas preocupações. Meus amigos de Galiléia eram superiores, em méritos espirituais, a todos os meus discípulos de Galiléia.

A casa de Simão havia-se enchido, devido a mim, de consolos e esperanças; porém aí, como nas outras partes, os espíritos careciam de homogeneidade na fé. Todos os que encontrei nesta casa foram-me fiéis e serviram-me com dedicação. Maria morreu pouco tempo depois de mim. Maria e Simão encontraram forças nas manifestações espirituais, que eu lhes havia prometido.

Irmãos meus, permaneçamos compenetrados da graça divina, porém procuremos não ver nela um desvio da Natureza. A demonstração dos destinos humanos pode ser feita somente pelos delegados de Deus a espíritos preparados para receber esta demonstração; e todos os espíritos terão que percorrer o caminho que leva às honras da revelação, feito pelos delegados de Deus. A  idéia manifestada com a palavra milagre não existe em nossa pátria, onde as leis do desenvolvimento e as da desorganização são reconhecidas como invioláveis e onde a manutenção do equilíbrio universal se define por meio de um estado permanente das propriedades de cada elemento, as harmonias de cada atmosfera, dos princípios conservadores e das causas mórbidas inerentes à matéria, das afinidades e das repulsões próprias do espírito, dos caminhos abertos à inteligência coletiva e às investigações individuais, para conservar, preservar, reparar, curar e vencer a destruição, mediante a conquista da espiritualidade pura.

A doutrina de Jesus explicava o fasto da imaginação para descrever as alegrias da espiritualidade pura; mas no ensinamento da adoração humana por meio da divindade e no ensinamento dos deveres fraternos, a doutrina de Jesus, positiva em seus princípios, desafiava os equívocos mediante a aplicação de seus preceitos. Ela tirava das perfeições de Deus a causa motriz da perfectibilidade do espírito humano. Reunia os atributos divinos para fazer com eles um código de moral universal. Proclamava a igualdade, explicando as origens e os destinos. Dizia que o amor das criaturas, entre elas, é o único meio para atrair sobre as humanidades o amor do Criador.

“Em vossa adoração a um Deus justo, dizia Jesus a seus discípulos, sede alheios aos desejos contrários à justiça.

“Em vossa adoração ao Autor de todas as cousas, rechaçai as profanações e as crueldades.

“Em vossa adoração a Deus forte, poderoso, imutável, aliviai vossa consciência, dilatai vossa alma, olvidai as necessidades da vida corporal.

“Em vossa adoração a um Deus de amor e de misericórdia, lançai-vos nos braços de um ardoroso amor filial, de um amor grato, e perdoai aos que vos tenham ofendido.

“Reuni os fiéis em meu nome e repeti minhas palavras sem tirar-lhes nem acrescentar-lhes nada.

“Ide à casa do pobre para consolá-lo e abençoá-lo.

“Não vos intrometais nas cousas temporais a não ser para reunir novamente o que tiver sido desunido e para facilitar a concórdia entre os homens.

“Sede sóbrios e discretos, porém não vos imponhais sacrifícios inúteis.

“Desprezai as honras do mundo e não sejais escravos de preconceitos. Habitai com os inimigos de Deus para edificá-los com vossa conduta e nunca maldigais de alguém.

“Tomai-me como exemplo e segui-me, do contrário não sereis meus discípulos. Sou pobre, permanecei pobres, sou perseguido, sofrei as perseguições, e espalhai entre todos os homens a esperança, a paz, a luz do espírito.”

Irmãos meus, o amor de Deus converte a alma humana em criadora, depois de havê-la subjugado sob as provas de um desenvolvimento dolorosamente laborioso. A inteligência humana criadora é a aproximação do espírito criado e do espírito criador, é a perfectibilidade orgânica, o desenvolvimento das faculdades, tal como o pensamento estático havia ousado sonhá-lo; é a quimera de um vasto ideal convertida em uma poesia sincera da alma, dilatação devoradora do espírito.

Oh, Deus meu! Quanta distância entre este pedestal levantado por teu amor às gerações ascendentes e os abismos formigando de insensatos mal-humorados, de inimigos desapiedados, de heróis monstruosos. Quanta distância entre o esplendoroso vestíbulo de tua morada de glórias eternas e estas trevas de espanto, onde teu nome, pronunciado com hipócrita doçura, é acolhido pelas risadas estúpidas de uma multidão que exala nuvens de pó e rios de sangue.

Dentro de pouco voltarei. Concluo aqui meu décimo quarto capítulo.

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